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Itapema FM  | 22/02/2013 15h19min

Críticos de ZH revelam suas apostas para o Oscar

Daniel Feix, Marcelo Perrone e Ticiano Osório comentam suas escolhas

Argo é o favorito entre os filmes, Daniel Day-Lewis, entre os atores. Entre as atrizes, duelo de uma jovem (Jennifer Lawrence) com uma veterana (Emmanuelle Riva). Entre os diretores, uma grande incógnita, já que Ben Affleck, do favorito Argo, não está indicado.

Abaixo, os jornalistas de ZH fazem as suas apostas e indicam algumas tendências.

- Melhor Filme

Daniel Feix:
Não foi um grande ano de produções hollywoodianas. Amor é o melhor entre os nove indicados, mas se trata de um estranho no ninho – por que a Academia de Hollywood reconheceria este e não tantos outros bons filmes europeus de autor? Esta pergunta não é retórica: ousariam os acadêmicos se curvar a uma produção estrangeira, e logo no ano seguinte à consagração do franco-americano O Artista?

Deixando de lado o longa de Michael Haneke, o favorito Argo é, de fato, o melhor de todos. É o único entre os oito restantes a superar a sensação de que o Oscar 2013 está dominado por filmes médios, recheados de qualidades mas passíveis das mais diversas restrições.

As Aventuras de Pi também soa diferente. O projeto de cinema de Ang Lee é grandioso em suas ambições e (em parte de) seus resultados. O equivalente de 2013 a Avatar e A Invenção de Hugo Cabret, os dois mais notórios perdedores de 2010 e 2012.


Marcelo Perrone
Amor é o melhor entre os nove concorrentes. Não há entre os outros oito um título pelo qual torcer com igual convicção. Mas é impensável a Academia chancelar a consagração do vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes e favorito da crítica internacional.

O Oscar de filme estrangeiro a Amor, que, afinal, é um estranho na festa, permitiria o arranjo diplomático para que se premiasse Argo, que vem empilhando troféus, e evitaria a saia justa criada pela ausência de Ben Affleck na lista de diretores. Argo é um bom thriller político e tem um ótimo trabalho do elenco, mas a bizarra história que reproduz se impõe a qualquer outra qualidade formal.

Kathryn Bigelow fez de A Hora Mais Escura um projeto melhor do que o premiado Guerra ao Terror, mas a Academia não deve reconhecer isso – ela também não foi indicada à melhor direção. E não se pode subestimar Lincoln, o épico que terá como palco derradeiro uma grande festa americana.

Ticiano Osório
Desde que o Oscar de melhor filme mudou, críticas e elogios alternam-se. Por um lado, com até 10 indicados, a concorrência fica naturalmente diluída, e títulos nem tão bons aparecem. Por outro, sucessos de bilheteria não precisam mais ser ignorados na maior premiação de Hollywood e, no extremo oposto, pode-se dar visibilidade a longas que não alcançam o grande público.

Este ano, a Academia pode ter desprezado os bilionários filmes dos Vingadores, de Batman e 007. Mas certamente fez com que mais gente assistisse àquele que, entre os nove concorrentes, é o melhor: Amor.

Não vai ganhar – se Argo perder, para qualquer filme, será zebra. Mas não lhe faltam atributos: um enredo universal e atemporal (se já não o vivemos, mais adiante viveremos), atuações poderosas (Jean-Louis Trintignant tinha que acompanhar Emmanuelle Riva na lista dos indicados), cenas impactantes (sem
recorrer a nenhum efeito especial).


- Direção

Feix:
“A ausência de Ben Affleck (de Argo) entre os indicados deixa esta categoria totalmente aberta. Ang Lee (As Aventuras de Pi) dificilmente ganharia sua segunda estatueta de melhor diretor sem levar junto a de melhor filme (já aconteceu com O Segredo de Brokeback Mountain), e Steven Spielberg já fez filmes melhores do que Lincoln. Talvez seja o momento de consagrar o estrangeiro Michael Haneke (Amor). Eu daria o prêmio para ele com absoluta convicção.”

Perrone: “O Oscar para Steven Spielberg pode ser o prêmio de consolação por Lincoln não levar a estatueta de melhor filme, se a Academia seguir a tendência de consagrar Argo. Seu trabalho é bom, mas não tanto quanto o de outros dois indicados. Benh Zeitlin saiu-se muitíssimo bem com os atores não profissionais de Indomável Sonhadora, em especial a garotinha protagonista. E Michael Haneke, meu favorito, é preciso na condução de Amor por entre a delicadeza romântica e o mais vigoroso drama.”

Osório: “A mais excitante disputa, uma vez que o favorito não concorre: Ben Affleck (Argo), premiado pelo Sindicato dos Diretores – a última vez em que essa escolha não coincidiu com o Oscar foi em 2002. Sem ele, qualquer um pode ganhar. Eu votaria em Michael Haneke. Não só pelo impacto de Amor, um filme que pelo resto de nossas vidas ficará reverberando, afinal, é disso que trata – o resto de nossas vidas. Mas também pelo conjunto da obra: o homem tem no currículo Violência Gratuita, Caché, A Fita Branca...”


- Ator

Feix:
“Num registro que testa os limites do naturalismo, e por isso pode causar estranheza, Joaquin Phoenix tem uma performance impressionante em O Mestre. Ele é o Daniel Day-Lewis de sua geração. Ou seja: o melhor, disparado. Merecia ganhar seu primeiro Oscar, embora, veja só, deve ver Day-Lewis (Lincoln), ele próprio, levar a sua terceira estatueta. E ainda vai enfrentar muita resistência por conta da pegadinha que protagonizou com o falso documentário I’m Still Here (2010).”

Perrone: “Embora Daniel Day-Lewis, como sempre, esteja soberbo em Lincoln, indentifica-se em Joaquin Phoenix um trabalho mais complexo e intenso de composição de um personagem, em O Mestre. Seria justo reconhecer este que é um dos melhores atores de sua geração, mas a fama de maluco que Phoenix ganhou nos últimos anos, além de seu filme ter sido um fracasso, não deve ajudá-lo. Não premiar um dos dois seria um escândalo, pois os demais concorrentes estão muitos degraus abaixo.”

Osório: “Por mais que a turma seja boa (sobretudo Joaquin Phoenix e Bradley Cooper), e ainda que falte na lista o John Hawkes de As Sessões, aqui a briga não tem nem graça. Daniel Day-Lewis vai receber seu terceiro Oscar em cinco indicações (ganhou por Meu Pé Esquerdo e Sangue Negro, concorreu por Em Nome do Pai e Gangues de Nova York). Em Lincoln, o ator inglês de 55 anos carrega o filme, literalmente, nas costas – arqueadas para aumentar a semelhança com o presidente norte-americano.”


- Atriz

Feix:
“O talento de Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) e Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) é tanto que ambas certamente terão outras chances de ganhar o Oscar. A oportunidade de premiar Emmanuelle Riva (Amor) é única. Seja pela coincidência do dia (ela completa 86 anos no domingo), seja pela composição de raro apuro técnico de uma mulher irreversivelmente doente. É uma pena (injustiça, na verdade) que seu parceiro de cena Jean-Louis Trintignant também não tenha sido indicado.”

Perrone: “Naomi Watts faz figuração na lista, e a indicação da pequena Quvenzhané Wallis já é um baita reconhecimento. Se a Academia for justa, premia Emmanuelle Riva, de Amor, aproveitando para criar um clima de celebração no aniversário de 86 anos da veterana musa francesa, neste domingo. Mas tudo indica que, no duelo entre duas atrizes que despontaram com força nos últimos anos, Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) vença Jessica Chastain (A Hora Mais Escura).”

Osório: “Páreo difícil, a ser decidido voto a voto entre Jennifer Lawrence e Emmanuelle Riva. A primeira é uma estrela em ascensão: aos 22 anos, já está em sua segunda indicação – antes, concorreu por Inverno da Alma. Extremamente cativante em O Lado Bom da Vida, ganhou o Globo de Ouro em comédia ou musical e o troféu do Sindicato dos Atores. A francesa Emmanuelle, de Amor, tem a seu favor o Bafta (a premiação do cinema britânico) e o fator coincidência, por completar 86 anos justamente na noite do Oscar.”


- Coadjuvantes

Feix:
“Num ano de grandes coadjuvantes indicados (os masculinos são todos ótimos), vai ser difícil falar de falta de merecimento entre os vencedores, quaisquer que eles forem. Eu não daria o prêmio para Christoph Waltz por achar seu trabalho em Django Livre muito parecido com o de Bastardos Inglórios. Ficaria entre Tommy Lee Jones (Lincoln) e Philip Seymour Hoffman (O Mestre), no caso dos homens, e Sally Field (Lincoln) e Anne Hathaway (Os Miseráveis), no das mulheres.”

Perrone: “O favorito entre os atores, Christoph Waltz, destoa do conceito do coadjuvante ser aquele que participa pouco mas rouba a cena (quem faz isso em Django Livre é Samuel L. Jackson, injustamente esquecido). A torcida afetiva fica com Robert De Niro (O Lado Bom da Vida), pois é bom ver que um dos gigantes do cinema não perdeu por completo o rumo da carreira. E, entre as atrizes, a breve e emocionante performance de Anne Hathaway é o que Os Miseráveis tem de melhor.”

Osório: “As duas categorias reúnem um dream team. No masculino, voto nos diálogos, na postura e nas sobrancelhas de Tommy Lee Jones como o abolicionista radical de Lincoln. Entre as mulheres, apesar da interpretação pungente de Anne Hathaway como a Fantine de Os Miseráveis, fico com a australiana Jacki Weaver (que disputou o Oscar de melhor atriz em 2011 por O Reino Animal). Cada vez que ela surge em cena em O Lado Bom da Vida, somos hipnotizados por seu olhar algo terno, algo maníaco.”


- Roteiros

Feix:
“Se repetir o que tem feito com frequência e fizer da estatueta de roteiro original um consolo para o independente queridinho da temporada, a Academia de Hollywood vai contrariar o Sindicato dos Roteiristas (que elegeu A Hora Mais Escura) e premiar Moonrise Kingdom – o meu preferido. Entre os roteiros originais, o perfil de O Lado Bom da Vida fecha com o estranho gosto dos acadêmicos nas duas categorias de roteiro, mas Argo e Lincoln são melhores.”

Perrone: “Tarantino oferece aos fãs mais uma pérola de roteiro original, costurando em Django Livre um tema sério como a escravidão, uma fábula alemã e clichês do faroeste espaguete. Seus diálogos continuam afiados e inteligentes (a lembrança de o escritor Alexandre Dumas ser negro é desconcertante). Premiar a trepidante trama que Mark Boal pesquisou para destrinchar em A Hora mais Escura seria também muito justo. Entre os roteiros adaptados, o de Argo é disparado o melhor.”

Osório: “Entre os roteiros originais, A Hora Mais Escura ganhou o prêmio do sindicato, Django Livre é o mais mirabolante (embora no final tenha um sério problema de plausibilidade, mesmo para um filme de Tarantino), e Moonrise Kingdom encarna o “independente queridinho”, que costuma vencer. Mas a crueza de Amor deveria deixar todos para trás. Na categoria de roteiro adaptado, o mais amarrado, o mais empolgante, é o de Argo, favorito após levar o prêmio do Sindicato dos Roteiristas.”


O voto do público

Uma enquete realizada no site do Segundo Caderno está indicando as apostas dos leitores. Confira os favoritos do público até o fechamento desta edição:

Melhor Filme – Lincoln
Melhor Diretor – Steven Spielberg
Melhor Ator – Daniel Day-Lewis
Melhor Ator Coadjuvante – Robert De Niro
Melhor Atriz – Jennifer Lawrence
Melhor Atriz Coadjuvante – Anne Hathaway


Em site especial, conheça os indicados ao Oscar

SEGUNDO CADERNO
imovision / Divulgação

"Amor", de Michael Haneke, é o preferido na opinião dos críticos de ZH
Foto:  imovision  /  Divulgação


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