As Sessões é um filme muito legal de assistir. É baseado em fatos reais e isso faz dele ainda mais surpreendente. O enredo conta a história de Mark O'Brien, um homem com o corpo paralisado do pescoço para baixo que resolve, com quase 40 anos de idade, contratar uma terapeuta sexual para perder a virgindade.

A história é baseada no ensaio do próprio Mark O'Brien, que está disponível para leitura online (em inglês). Clique aqui para ler.

O filme estreou na última sexta-feira no Brasil, mas ainda não chegou a Santa Catarina. Quando ele chegar, assista. O'Brien (John Hawkes) foi vítima de poliomelite quando criança e por isso precisa passar a maior parte de um dia dentro de um pulmão de ferro.
Nas quatro horas que pode passar fora do aparelho ele contrata cuidadores para o levarem para passear e ir à igreja. John Hawkes merecia uma indicação ao Oscar por sua interpretação. A sua postura física faz com que ele realmente pareça paralisado. Ao mesmo tempo ele é tão expressivo usando apenas o rosto, é um trabalho admirável de atuação.

O'Brien é um homem paralisado, mas também é culto, inteligente e extremamente bem humorado. É uma pessoa cativante. Conforme ele vai interagindo com a terapeuta sexual Cheryl (Helen Hunt) um novo mundo se abre para ele e essa transformação de O'Brien de um garoto com polio para um homem é emocionante.

Não me lembro de nenhum um filme onde sexo é tratado com tanta naturalidade quanto em As Sessões. Isso se dá em grande parte devido à interpretação de Helen Hunt. É merecida a indicação dela a Melhor Atriz Coadjuvante. Ela se entrega ao filme sem pudores, exibi o corpo nu diversas vezes e é um corpo real. Bem cuidado, mas com as rugas e características comuns em uma mulher que vai completar 50 anos em 2013.

A escolha de O'Brien de pagar para perder a virgindade leva a questões como prostituição e o direito de pessoas com paralisia de terem uma vida plena, assim como as maneiras como elas poderiam conseguir isso.

É um filme mais realista do que Os Intocáveis, que bateu recordes de bilheteria no mundo todo com a história de um homem tetraplégico, mas também é bem humorado.

A interação de O'Brien com o padre Brendan, interpretado por William H. Macy, é um dos pontos altos do filme. O'Brien procura o padre para se confessar e rezar, mas também para lhe pedir conselhos, inclusive sobre sua vida sexual.

O padre se mostra um homem de mente aberta e misericordioso, generoso em seus conselhos a O'Brien e, após certo ponto, extremamente curioso com o desenrolar da história, assim como o espectador.