Morreu em um hospital da Filadélfia nesta quinta-feira, aos 75 anos, Magic Slim, nome importante do blues, contemporâneo de lendas do gênero como Muddy Waters e Howlin' Wolf. Ele sofria de problemas de saúde que teriam se agravado durante o mês de janeiro.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press, o empresário de Slim, Marty Salzman, comentou a aura poderosa que envolvia os shows do companheiro:

– Se você vai levar alguém que nunca tenha visto blues a um de seus shows, seria como colocá-lo em uma máquina do tempo de volta para 1962. Sem frescura, sem rock'n'roll. Era só sempre em frente, blues verdadeiro – declarou.

Em entrevista a Zero Hora em 2002, o bluesman falou sobre sua paixão pelo "blues verdadeiro":

– Não sei nada sobre isso de tecnologia. Em um show de blues, não cai bem toda essa coisa de computadores. A melhor opção é o som puro e cru dos instrumentos – opinou.

Veja Slim tocando em Porto Alegre, em 2002:

Nascido em 1950, em Mississippi, Slim, cujo nome verdadeiro era Morris Holt, aspirava ser pianista na infância, mas teve de desistir quando um acidente em uma máquina de processamento de algodão lhe amputou o dedo mínimo. Convertido em guitarrista, levou alguns anos para firmar-se na cena de Chicago, a meca do blues americano.

Além da performance intensa, chamava a atenção por sua estatura. Com 2 metros e 10 centímetros, fazia a guitarra parecer um instrumento pequeno, que dedilhava com o sentimento característico do ritmo.

Ao longo da carreira, veio algumas vezes ao Rio Grande do Sul. Em 2007, aos 70 anos, se apresentou no bar Abbey Road, na Capital. Já havia estado na cidade em 1990, em 1993 e em 2002, sempre apresentando shows em que standards do blues dividiam espaço com números pouco conhecidos em versões surpreendentes.

Em 2002, falando por telefone a Zero Hora sobre o show que faria no Opinião, Magic Slim disse ter boas lembranças das turnês pelo Brasil - em 1990, tocou na Reitoria da UFRGS, e em 1993, no Ginásio Tesourinha.