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Itapema FM  | 18/02/2013 19h01min

Entrevista: músico Andrew Bird faz show em Florianópolis nesta sexta-feira

Compositor diz que passear pelas cidades onde se apresenta é uma de suas fontes de inspiração

Fernanda Oliveira  |  fernanda.oliveira@diario.com.br

Andrew Bird mal pode esperar para chegar ao Brasil. Esta semana, o cantor, compositor e multi-instrumentista nascido em Chicago, nos Estados Unidos, pisa pela primeira vez em solo brasileiro - se não veio antes, ele diz, não foi por falta de vontade - para uma maratona de três shows em três dias, que marca o início de sua turnê pela América Latina.

O segundo desses shows, em Florianópolis, promete recompensar o esforço de dezenas de fãs que, no final do ano passado, se empenharam em mobilizar o público, via redes sociais, para garantir a passagem do músico pela Capital catarinense - seis cidades seriam escolhidas, entre 16, para receber a turnê, por meio da reserva antecipada dos ingressos. Mesmo não atingindo a cota de 250 entradas estabelecida pelo crowdfunding, a Songkick, que promove a vinda do músico, se comoveu com o esforço dos fãs e decidiu confirmar o show em Florianópolis.

Conhecido por tocar múltiplos instrumentos - violino, guitarra, e glockenspiel (instrumento de percussão parecido com um xilofone) são alguns deles -, Andrew Bird mistura pop de influência barroca com folk referenciado no jazz.

Sua não por acaso indie music, recheada de assobios e letras nada óbvias, soa impalatável para alguns e apaixonante para outros. O último disco, Break It Yourself, lançado em 2012, foi elogiado pela crítica e chegou a ocupar a décima posição no The Billboard 200, ranking que lista semanalmente os álbuns mais vendidos nos Estados Unidos.

Quando subir ao palco do Teatro Pedro Ivo, na próxima sexta-feira, o músico irá tocar - e cantar e assobiar - canções de quase todos os seus 10 discos lançados. Mas, no que depender de Andrew, sua passagem pela cidade não ficará apenas no show. Para o músico, passear por ruas de cidades desconhecidas é uma das partes mais inspiradoras de viajar e é quando tem algumas de suas melhores ideias musicais.

— Quando nada é familiar, você está perdido. Você não tem nenhum propósito a não ser se perguntar e esse é o ambiente mais propício para ter ideias — filosofou.

"As palavras precisam se adequar à melodia"

Já que os fãs foram os grandes responsáveis pela vinda de Andrew Bird a Florianópolis, o Diário Catarinense abriu o espaço da entrevista para que eles enviassem perguntas ao músico.

Cinco dessas questões, enviadas à reportagem por e-mail ou via Facebook, foram selecionadas para serem respondidas por Andrew durante uma rápida conversa por telefone. Confira abaixo as perguntas e as respectivas respostas:

Paula Albuquerque — Você é cantor, compositor, multi-instrumentista. Como é o processo de criação das suas canções?

Andrew Bird — É provavelmente uma das formas mais difíceis de escrever músicas, quando a melodia surge totalmente pronta. Ela existe por alguns instantes antes que você tenha qualquer palavra, mas as palavras precisam se adequar à melodia. É uma forma bastante desafiadora, mas é como eu tendo a escrever. Há alguns exemplos em que a letra é o motivo da música, como A Non-Animal, mas, na maior parte das vezes, é a melodia primeiro.

Teresa Assunção — Eventos como este, financiados por fãs de verdade, são diferentes dos outros?

Bird — Acho que isso que cria um senso de responsabilidade maior no sentido de fazer um grande show. E isso é o que realmente é legal sobre a turnê do Songkick, ir a lugares que não são exatamente os maiores e mais cosmopolitas entre as cidades. É bom ver que alguns lugares incomuns apareçam.

Rodrigo Yazbek — Quais são as suas principais influências musicais?

Bird — São tantas. É difícil nomear. Mas um tipo de música que tem sido constante em todos esses anos é a mais simples, quero dizer, música clássica, jazz. Algumas mais sofisticadas. Mas minha música preferida para ouvir é country blues e gospel antigo da década de 1920 e 1930. São as mais influentes para mim e são também as músicas que escuto antes de subir no palco, para lembrar a mim mesmo o que a música deve ser.

Jessé Torres — Que bandas ou compositores você tem ouvido?

Bird — Sempre fui fã de The Handsome Family. Eles são um casal de Chicago que faz músicas realmente bonitas. As gravações nem sempre são, mas as músicas sim. Já fiz covers de muitas delas. Eu gosto também de Jim James, My Morning Jacket, são amigos meus e fazem música muito boa. Cass McCombs é outro compositor que gosto. Fora isso, jazz antigo, música africana, old country. Na verdade não ouço muita música. Estou bastante ocupado tocando. Escuto mais é à noite, quando volto para casa depois de tocar.

Maiza Bastos — Como você desenvolveu a técnica do assobio?

Bird — Se você passar o dia comigo, vai notar que é difícil eu parar de assobiar. Quando não estou falando, comendo ou dormindo, estou sempre assobiando. Então, seria estranho pisar no palco e não assobiar. Faço isso desde os meus quatro ou cinco anos de idade. Mas demorei um tempo para aceitar que algo tão fácil pudesse ser válido na música.

Agende-se:

Show de Andrew Bird
Quando: sexta-feira, 22 de fevereiro, às 21h
Onde: Teatro Gov. Pedro Ivo (Rodovia SC-401, 4600, km 05 - Centro Administrativo do Governo de SC, Florianópolis)
Quanto: R$ 160 e R$ 80 (meia-entrada)
À venda no site Blueticket

DIÁRIO CATARINENSE
Produção Andrew Bird / Divulgação

Andrew Bird: experimentações sonoras em um ambiente de ideias
Foto:  Produção Andrew Bird  /  Divulgação


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