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Itapema FM  | 15/02/2013 08h01min

Filme de ficção joinvilense tem pré-lançamento neste sábado

"Infância de Monique" é uma produção independente dos irmãos Fabrício e Fábio Porto

— A história não tem começo, meio e fim. Não há ordem cronológica — adverte Fabrício Porto.

O filme é em preto e branco. A produção é de baixo custo. E a exibição é única. "Infância de Monique" tem aproximadamente 74 minutos e é o primeiro longa-metragem joinvilense, produzido pelos irmãos Fabrício e Fábio Porto.

A avalanche de peculiaridades registradas nos bastidores já seria suficiente para fazer um novo filme. Mas isso é outra história. O pré-lançamento será neste sábado, no Teatro Juarez Machado, às 20 horas. Os ingressos custam R$ 16 no local.

A trama é costurada ao redor da prostituta Solange, interpretada pela atriz Clarice Steil, e do ladrão de carros Maike, vivido por Samuel Kühn. A linha tênue entre o amor e ódio é explorada nos flashbacks das cenas, em que o espectador deverá ficar atento, já que o filme não segue uma cronologia comum. Enquanto as cenas se desenrolam, o casal vive em mundos isolados e ao mesmo tempo semelhantes, onde os caminhos se cruzam involuntariamente.

A escolha dos personagens — a prostituta e o ladrão, ex-presidiário — não foi à toa. Eles seguem a linha dos trabalhos anteriores dos irmãos, que enfatizam os conflitos humanos e o drama individual. A maior parte do filme se passa no apartamento de Solange e completa-se com as atuações de Robson Benta, Ilaine Melo, João Zanella e Vinícius da Cunha. A trilha sonora é um elogio à parte, produzida por Albanir Germano e composta por Amcle Ramassés, Thiago Pereira e Silvio Melatti.

— É uma vida em PB, sem cor, sem objetivos — explicou Fabrício, sobre a escolha de última hora em transformar o filme colorido em duas cores. Existe apenas uma cena em cores, oferecida propositalmente para o espectador.

O roteiro foi escrito num período de quase quatro meses pelo fotojornalista Fabrício. O irmão Fábio e o amigo Jura Arruda também auxiliaram na obra e apostaram na ideia de produzi-la. A história agradou aos atores Samuel e Clarice, ambos com carreiras consolidadas no teatro regional, que abraçaram o projeto mesmo sabendo do possível imbróglio de se produzir um longa-metragem com baixo custo.

— As pessoas acreditaram no projeto e no roteiro — ponderou Fábio.

Todos os atores envolvidos e profissionais da área técnica receberam valores simbólicos para trabalharem no filme. Os ensaios iniciaram-se em agosto de 2011 e as gravações, em janeiro de 2012. A edição foi finalizada em janeiro deste ano.

Tempo de vacas magras

Distante dos blockbusters, "Infância de Monique" foi produzido com uma equipe enxuta, envolvendo menos de 30 pessoas, entre atores, iluminador, diretor e roteirista.

A contabilização de custos até o momento, de produção, edição e gastos com o pré-lançamento é de R$ 5 mil. Se os pagamentos de atores, equipe técnica, trilha sonora e equipamentos fossem feitas de acordo com a remuneração exigida no mercado, os custos ultrapassariam R$ 40 mil. De acordo com Fábio, para uma produção de melhor qualidade, o ideal seriam R$ 100 mil.

Os irmãos Porto até tentaram arrecadar apoio por meio de editais de patrocínio e plataforma de financiamento colaborativo, mas o resultado foi negativo. Sem verba, o jeito foi investir na ideia com as próprias mãos, literalmente.

— Em algumas gravações, a equipe de produção era eu e o Fabrício — sorriu Fábio.

As dificuldades eram constantes, mas o desafio foi adaptar o filme aos recursos disponíveis. Uma das câmeras utilizadas para a captação foi emprestada de um amigo, a ilha de edição é do Fábio, as locações foram em espaços públicos e na Dionisos Teatro.

O roteiro atraiu Clarice logo de início, pela relação estreita que tem com os irmãos Porto, de projetos anteriores. A ideia de trabalhar em um longa-metragem já foi suficiente para que ela e o marido, Samuel, abrissem mão dos horários livres e conciliassem a rotina paralelo às gravações.

— Eu cuidei muito para não estereotipar a personagem, porque antes de tudo, Solange é uma mulher — esclareceu.

Samuel é categórico ao afirmar que a vontade de participar de um projeto inovador em nenhum momento foi abalada pela falta de apoio financeiro. Afinal, a oportunidade surgiu como um desafio profissional para os atores. A receita, segundo ele, não foi fazer um longa com baixo orçamento, mas fazer com que uma história com personagens tão comuns no cinema nacional não se transformasse em clichê.

Não há previsão para uma reexibição na cidade. Isso porque os irmãos Porto miram em um horizonte maior e já estão inscrevendo o longa em festivais de cinema.


O QUÊ: pré-lançamento do longa "Infância de Monique".
QUANDO: sábado, às 20 horas.
ONDE: Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos Cau Hansen.
QUANTO: ingressos a R$ 16, no local.
INFORMAÇÕES:
guardafilmes@terra.com.br.

A NOTÍCIA
Fabrício Porto / Divulgação / Agencia RBS

Clarice e Samuel interpretam o casal problemático
Foto:  Fabrício Porto / Divulgação  /  Agencia RBS


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