Notícias

Itapema FM  | 12/02/2013 20h03min

Indicado a cinco Oscar, "A Hora Mais Escura" narra a caçada dos EUA a Bin Laden

A diretora vencedora do Oscar de 2010 Kathryn Bigelow é ainda mais ambiciosa do que em "Guerra ao Terror"

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, Kathryn Bigelow permaneceu em território conflagrado para resumir, em duas horas e meia, os 10 anos da caçada que culminou na execução do terrorista Osama bin Laden por uma tropa de elite da marinha americana, em maio de 2011.

Indicado a cinco Oscar, inclusive o de melhor filme, A Hora Mais Escura estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira. Desta vez, Kathryn foi mais ambiciosa e alcançou um resultado muito melhor do que o visto no superestimado Guerra ao Terror (2010).

Repetindo a parceria com o roteirista Mark Boal, a diretora reconstitui a perseguição a Bin Laden embasada, anuncia o filme, em fatos reais. Ainda que simplificações em um tema tão complexo como esse sejam arriscadas, percebe-se que A Hora Mais Escura reflete no episódio dois momentos distintos da política americana. Grosso modo, espelha a força bruta da era George W. Bush na, digamos, inteligência da gestão Obama.

A Hora Mais Escura parte dos ataques terroristas aos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, reconstituído por meio das gravações em áudio. Nas primeiras imagens, estamos em 2003, numa base secreta da CIA, a agência de inteligência americana, na Arábia Saudita. Ali, o agente Dan (Jason Clarke) tortura um prisioneiro que, acredita, tem pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Esta sequência provocou reações de ex-diretores da CIA no período Bush, que garantiram serem elas fantasiosas e resultantes de episódios isolados como o de Abu Ghraib.

O filme vai destacando fatos em ordem cronológica e mostrando que, a horas tantas, a caçada parece estar sendo feita às cegas em regiões remotas do Afeganistão e do Paquistão.

É quando entra em campo a analista da CIA Maya (Jessica Chastain, que concorre ao Oscar de melhor atriz). Ela aposta na tecnologia, no cruzamento de dados e na intuição. Percebe que, em diferentes depoimentos de prisioneiros, surge a figura de um misterioso mensageiro de Bin Laden e inicia uma obsessiva cruzada para convencer seus superiores de que identificar o sujeito é o atalho para atingir o cobiçado alvo.

Das cavernas de Tora Bora a uma boate de luxo no Kuwait, o quebra-cabeças vai sendo montado no decorrer de pelo menos dois anos até que se tenha a quase certeza de que Bin Laden está escondido naquela fortaleza na cidade paquistanesa de Abbottabad.

O ritmo que Kathryn Bigelow imprime em A Hora Mais Escura é o de um eletrizante thriller cujo desfecho tem seus detalhes ainda hoje cercados de mistério. Consta que a agente que inspirou a personagem de Maya de fato existe, mas permanece na sombra, de onde não deve sair tão cedo para dar sua versão da história.

A tortura em cena

As sequências iniciais de A Hora Mais Escura mostram o que, por algum tempo, representou o lado mais oculto e infame da incursão militar dos EUA no Afeganistão e no Iraque. O vazamento de fotos e vídeos com sessões de tortura na prisão iraquiana de Abu Ghraib, em 2004, provocou indignação internacional – a cena de um preso sendo arrastado como um cão pela coleira é reproduzida no filme. 

O cinema americano já havia lançado um olhar crítico sobre o tema em dois premiados documentários. Vencedor do Oscar da categoria em 2008, Um Táxi para a Escuridão revela o caso de um jovem taxista afegão que morreu sob tortura na base americana de Bagram, em 2002. Também em 2008, Procedimento Operacional Padrão, consagrado com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, desvendou a trajetória das polêmicas fotos de Abu Ghraib e mostrou que o uso da tortura seguia uma cadeia de comando iniciada na Casa Branca. Ao assumir o governo dos EUA, em 2009, o presidente Barack Obama se apressou em coibir esta prática.

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)

De Kathryn Bigelow, com Jessica Chastain, Jason Clarke e Mark Strong.
Drama, EUA, 2012.
Duração: 157 minutos
Classificação: 14 anos
Em cartaz nos cinemas a partir de sexta-feira

Cotação: 4/5

ZERO HORA
imagem filmes / divulgação

Jessica Chastain, indicada ao prêmio de melhor atriz, vive a analista da CIA Maya
Foto:  imagem filmes  /  divulgação


Comente esta matéria

Notícias Relacionadas

30/01/2013 19h52min
Barbra Streisand cantará na cerimônia de entrega do Oscar
23/01/2013 13h51min
Adele cantará tema de '007 - Operação Skyfall' na cerimônia do Oscar
10/01/2013 11h53min
Veja a lista dos indicados ao Oscar 2013
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.