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Itapema FM  | 08/02/2013 16h22min

Livros e CDs sem uso podem renovar o acervo de instituições culturais ou virar moeda de troca

Doação, troca ou venda podem ser soluções para aqueles ítens esquecidos no fundo do armário

Gustavo Foster

O que fazer com aqueles livros que você já leu e os CDs que não pretende mais ouvir? Seguir um princípio básico: o que perdeu o interesse para uns é um achado para outros.

Quem visita a casa do comunicador e músico Arthur de Faria, por exemplo, pode sair de lá com um disco de presente. Estudioso da música gaúcha, ele guarda centenas de CDs e vinis e defende a tese de que é inútil manter artigos como esses esquecidos no fundo da gaveta.

- Na minha área de pesquisa, costumo ficar com os LPs, mas, com o resto, sou um cara desapegado - conta.

O escritor Antônio Xerxenesky também é um colecionador que pratica o desapego. Na casa onde mora, em São Paulo, é preciso desviar dos mais de 3 mil livros empilhados no chão e até embaixo da cama. Então, de quando em quando, é hora de passar alguns títulos adiante.

- O livro fica valorizado quando está na mão de quem nunca o leu. Não jogo fora, repasso para alguém que ainda não leu - explica Xerxenesky, que recentemente separou uma centena de títulos, chamou os amigos para uma confraternização e estipulou a lei do "pague quanto quiser".

Mas não só os grandes colecionadores e estudiosos se defrontam com a questão de como repassar livros, discos e outros bens culturais que se acumulam sem o devido uso. Em tempos em que a tecnologia permite armazenar milhares de músicas e livros em aparelhos eletrônicos portáteis (e em que os apartamentos novos parecem cada vez mais compactos), esta é uma questão comum: como praticar o desapego?

O problema de quem tem artigos sobrando pode ser a solução de instituições que garantem seu serviço ao público a partir de doações. Arthur de Faria, por exemplo, aponta uma solução para quem quer se desfazer de discos - a Discoteca Pública Natho Henn, em Porto Alegre. Instalada na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), a discoteca recebe e disponibiliza para consulta acervos de discos, CDs, livros relacionados à música e até partituras. Seu diretor, o músico Pedro Figueiredo, calcula que a instituição recebe até mil discos por mês - a maioria oriundos de coleções pessoais, daquelas que todo mundo tem em casa, que não eram mais utilizadas.

Se a questão forem livros sobrando, não faltam opções. Com rede de arrecadação em todo o Estado, o Banco de Livros conta hoje com um acervo de cerca de 400 mil itens, que passam por avaliação, catalogação e higienização para, posteriormente, serem repassados para novos leitores de instituições como presídios, escolas, creches e hospitais.

- O princípio é transformar o desperdício em benefício social - acrescenta Paulo Bernhard, diretor superintendente dos 14 Bancos Sociais, entre eles, o dos Livros.

Outro artigo que muitas vezes fica sobrando em casa são os jogos. Sejam os clássicos de tabuleiro ou os videogames, muitos são deixados na prateleira mais alta do armário ou em algum quarto da casa da praia. O que pouca gente sabe é que Porto Alegre conta com uma ludoteca destinada especialmente para esse tipo de diversão - mas que, por ora, ainda não recebe jogos digitais, que movimentam sites de trocas.

O que não dá é deixar uma história, um passatempo ou uma música esquecidos em casa, como resume Arthur de Faria:

- Temos que fazer o produto cultural circular, sempre que possível.

SEGUNDO CADERNO
Tadeu Vilani / Agencia RBS

Arthur de Faria é um dos que passam adiante livros e discos
Foto:  Tadeu Vilani  /  Agencia RBS


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