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Itapema FM  | 08/02/2013 13h56min

Crítica: 'Lincoln' merece ser o recordista de indicações ao Oscar em 2013

É muito provável que o protagonista, Daniel Day-Lewis, leve a estatueta para casa

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

Lincoln recebeu o maior número de indicações ao Oscar 2013. Foram 12 nominações muito merecidas. Steven Spielberg tem dito em entrevistas que não é preciso endeusar mais um presidente que já tem sua cara em todas as notas de cinco dólares. E realmente, o filme mostra Lincoln como uma pessoa real e com várias facetas.

Cativante, culto e excelente contador de histórias, Lincoln ainda assim era uma pessoa que sofria com o fato de governar um país em guerra e com as consequências de suas atitudes e, apesar da integridade, se envolveu em jogos políticos e complexas negociações para conseguir a aprovação da emenda constitucional que acabaria com a escravidão nos Estados Unidos.

Os complexos jogos políticos e as falas intensas em inglês arcaico e rebuscado, às vezes em discursos longos, fazem do filme uma obra para ser assistida diversas vezes. A cada vez o espectador com certeza vai se deparar com detalhes e sutilezas que passaram em branco da primeira vez. Essas pequenas ironias e as várias camadas de informação na tela, seja visualmente ou através do texto, compõe a densidade do filme e são as características que o levaram ao número recorde de indicações de 2013.

Numa mesma cena, enquanto Daniel Day-Lewis oscila com maestria interpretando ora um Lincoln doce e gentil e ora um político firme e obstinado, organizam-se ao redor da mesa os colegas de gabinete formando uma cena que poderia ser um quadro histórico sob a luz poeirenta que Steven Spielberg deu ao filme. A indicação a melhor fotografia é merecida. Assim como as indicações a melhor figurino e direção de arte. A crítica comparou a luz dos ambientes à luz barroca com razão. O grande contraste entre claro e escuro e a luz indireta faz com que a luminosidade das cenas seja semelhantes à das obras de Caravaggio, por exemplo.

A cenografia do filme também é impressionante. É tamanha a quantidade de livros e quadros espalhados pelos cômodos que realmente parece que levaria uma vida para alguém acumulá-los daquela maneira, naquela organização particular em que ficam desorganizados os livros que estão sendo ou foram usados.

O recorte do filme, que mostra esse momento em que Lincoln vive uma situação delicado, buscando a aprovação da emenda e ao mesmo tempo o fim da guerra civil, é inteligente porque se abstém do padrão das biografias. Não se propõe a contar como Lincoln se tornou um grande estadista, como ele formou família ou mesmo como foi eleito presidente. O que justifica também a indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Mas o mais certo dos Oscars para o filme é o de melhor ator. Daniel Day-Lewis está irreconhecível, ele some, transfigurado em Lincoln e deve levar a estatueta para casa. Tommy Lee Jones também está sensacional em sua interpretação do parlamentar Thaddeus Stevens e é um fortíssimo candidato à melhor ator coadjuvante.

Os dois únicos escorregões do filme não tiram o brilho da produção. A atriz Sally Field está concorrendo ao Oscar de atriz coadjuvante por seu personagem, a esposa de Lincoln, mas ter um rosto tão conhecido no papel não foi uma boa estratégia. De repente, no meio de todo o climão de época, ter uma cara tão conhecida destoa, quebra o clima. O outro escorregão era ainda mais inevitável. É um certo excesso de nacionalismo que se sente no filme. Nada que não dê para relevar, assim como a gente releva a bandeira americana no topo do Empire State Building no final de cada filme do Homem Aranha e por aí vai...

DIÁRIO CATARINENSE
Fox / Divulgação

Indicado aos principais Oscars do ano, o filme deve ganhar vários deles
Foto:  Fox  /  Divulgação


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