Notícias

Itapema FM  | 06/02/2013 05h01min

Livro retoma em tom de conversa de botequim a era em que o samba se tornou um dos bens mais valiosos do Brasil

Histórias do samba retoma Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

As rodas de samba e os sambistas legendários estão cheios de histórias para contar. Essa é a mensagem do recém-lançado Histórias do Samba - De João da Baiana a Zeca Pagodinho, de Marcos Alvito. Professor da Universidade Federal Fluminense desde 1984, Alvito recolheu histórias que reconstroem um momento único na história do Brasil: a transformação do samba de passatempo informal a commoditty de grande valor.

A mudança veio depois de um projeto do então deputado federal Getúlio Vargas que abriu as rádios do país para a publicidade paga. O novo mercado alçou nomes como Noel Rosa, Wilson Moreira e Francisco Alves ao patamar de pop stars, capazes de ganhar fortunas com um samba.

Não que muitos deles tenham feito fortuna de fato. O desapego e a malandragem são duas constantes nas 100 histórias que o livro reúne. A maior parte dos textos não ocupa nem uma página, são pílulas de informação, pequenas anedotas que podem ser lidas individualmente, mas que são tão curiosas e leves que fazem o leitor querer mais. As páginas vão passando sem esforço, em tom de conversa de botequim ou de fofoca de roda de samba. Aqui e ali vão aparecendo Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia, como se fossem colegas que um dia ainda vamos encontrar virando a noite no bar.

O tom informal não impede os textos de agregarem informações. Pelo contrário. É com um jeitinho malandro, de quem não quer nada de mais com o assunto, que Alvito vai incluindo fatos como o da ópera La Bohème, de Puccini, ter sido inspiração para a música Cidade Maravilhosa, hino informal do Rio de Janeiro. Alvito conta que Noel Rosa teria morrido batucando um samba na mesa ao lado de sua cama. Nelson Cavaquinho era policial da cavalaria, mas largava a ronda todas as noites para ir ao samba e o cavalo o levava bêbado de volta para o quartel.

A mais icônica das histórias é do ano em que morreu o Barão de Rio Branco e o governo adiou o Carnaval para abril, declarando luto em homenagem ao político. Nesse ano, conta o autor, houve dois carnavais, um em fevereiro e outro em abril. Quem será que achou que seria capaz de impedir o povo de festejar o Carnaval via decreto?

Histórias do Samba - De João da Baiana a Zeca Pagodinho
Autor: Marcos Alvito
Editora Matrix
133 páginas
Valor médio: R$ 29,90

DIÁRIO CATARINENSE
reprodução / Divulgação

Cartola é uma das figuras míticas que povoam as crônicas do livro
Foto:  reprodução  /  Divulgação


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.