Mais de 60 obras do artista catarinense ligadas à temática carnavalesca estão reunidas no livro Hassis no Carnaval, com pesquisa e textos do jornalista Carlos Moura. Utilizando-se de diferentes técnicas, Hassis se revela um pesquisador inventivo e ousado da maior festa popular do Brasil.

A verve do catarinense Hiedy de Assis Corrêa (1926-2001), mais conhecido como Hassis, encontrou respaldo em tantos e variados temas, formas, técnicas, cores e linguagens para se expressar, que seria difícil apontar algum ponto fundamental em sua obra que não esse próprio trânsito incessante.

— Ele sempre estava buscando na arte coisas novas. Era um grande pesquisador e se dedicava a conhecer vários assuntos. De uma fase para outra, era surpreendente o que apresentava — conta a filha de Hassis e diretora administrativa da Fundação que leva o nome do artista, Leilah Vieira.

Mas foi no Carnaval — em suas festas, ritmos, cores e tradições — que o catarinense fundou uma de suas mais arrojadas produções. Isso porque, na década de 1960, a grande festa popular que envolvia samba e fantasias era considerada uma manifestação bem distante das nobres pinceladas das artes plásticas.

- Os artistas em geral se pretendiam sérios e falar de Carnaval era vergonhoso. O Hassis nunca teve esse cuidado de agradar as elites. Ele dizia: "Não vou pintar marinhas para combinar com tapete de madame" - conta o jornalista Carlos Moura, que conviveu pessoalmente com o artista.

Junto com Hélio Oiticica, Lasar Segall e Pancaretti, Hassis foi um dos pioneiros a abordar o tema na arte brasileira - o primeiro no Sul do país, relativamente distante dos centros de vanguarda. As obras deste lado essencialmente carnavalesco do artista estão agora compiladas no livro Hassis no Carnaval, com textos de Moura. O livro não está à venda, mas pode ser consultado na sede da Fundação Hassis (Rua Luis da Costa Freysleben, 87, Bairro Itaguaçu, Florianópolis) e nas principais bibliotecas do Estado.

São desenhos em grafite, giz de cera ou nanquim, pinturas, intervenções sobre revistas e fotografias antigas das decorações que fez para os principais clubes de Florianópolis, com datas entre 1958 e 1996. O livro é o segundo volume de uma série que já lançou Hassis em Prosa e ainda prevê outros três tomos - Procissão do Senhor dos Passos, Para Crianças e Fotógrafo.