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Itapema FM  | 28/01/2013 11h25min

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, completa 200 anos como um dos melhores romances de todos os tempos

O livro foi lançado numa época em que uma mulher ser escritora era motivo de escândalo

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

Há exatos 200 anos foi publicado o livro Orgulho e Preconceito, pela britânica Jane Austen. Se alguém apostasse naquela época que o romance se tornaria mundialmente reconhecido e viria a ser considerado um dos melhores de todos os tempos, estaria apostando em um azarão. Na Inglaterra vitoriana, ser uma mulher e escritora era considerado um escândalo, tanto que o nome de Jane Austen sequer consta nas primeiras edições de seus livros. Em Razão e Sensibilidade, seu primeiro romance, consta "Por uma lady". Orgulho e Preconceito trazia a inscrição "do mesmo autor de Emma". Apesar disso, Jane, que concluiu o livro com 20 anos, nunca escondeu da família e dos amigos que a era a autora dos livros, e sua fama se espalhou pelo país.

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Para o americano Laurence Mazzeno, autor de "Jane Austen: Two Centuries of Criticism (Literary Criticism in Perspective)", (em tradução literal Jane Austen: Dois Séculos de Crítica (Crítica Literária em Perspectiva) e Presidente Emérito da Alvernia University, na Pennsylvania, o fato de Austen ser mulher não foi o fato principal que fez com que seus livros levassem décadas para começarem a despertar o interesse do público.

— Ser mulher não foi a questão principal, mas com certeza é importante. Na época de Austen as mulheres nobres achavam indecente colocar seu nome em um romance, mas todos sabiam que ela havia escrito tanto esse livro quanto os que se seguiram. Tanto que o príncipe regente, que se tornaria George IV, era fã dela, e Austen dedicou Emma a ele. Para nós isso pode soar pomposo, mas era muito importante na época.

O que limitou a popularidade de Austen foi sua decisão de ir contra a corrente e não escrever o que era esperado de um romance. O que ela escrevia era uma ficção realista que expunha - até de maneira desconfortável — a situação das jovens mulheres que eram negociadas como commodities no mercado de casamentos. Enquanto isso os seus contemporâneos escreviam sobre donzelas sensíveis que desmaiavam de êxtase e heróis invencíveis.

Além disso, as heroínas de Austen tem línguas afiadas, algo bem inesperado para a época. Me parece que as contemporâneas de Austen a admiravam — elas apreciavam seu estilo vívido e sua habilidade de criar tramas complexas e e plausíveis — mas o tempo não era de se admirar a sátira social.

O interesse sobre Austen começou a aumentar com a publicação em 1869 da biografia de seu sobrinho-neto, James Edward Austen-Leigh. Na virada do século 20 os acadêmicos começaram a escrever livros sobre Austen. O livro superou até mesmo o fenômeno conhecido como A Reação Contra os Vitorianos, uma grande repulsa causada pelos livros da época, repletos de uma noção de superioridade, otimismo e intelectualidade moralista e arrogante.

— Depois da Primeira Guerra Mundial a maior parte dos ingleses e muitos americanos não podiam nem ouvir falar no estilo vitoriano de escrever. É fácil entender porque alguém que aprecia a ficção bem-resolvida de D.H. Laurence ou os contos erráticos de James Joyce rejeita um romance cheio de aventuras inocentes como The Pickwick Papers, de Dickens, mas na época da Primeira Guerra Mundial ela já era leitura obrigatória entre os literatos e a fama dela continua crescendo desde então.

Apesar de alguns argumentarem que Dickens ainda está no topo do ranking dos melhores novelistas ingleses, tanto no que diz respeito a interesse geral quando acadêmico, Austen não está longe e pode ter ultrapassado Dickens, ficando atrás apenas de Shakespeare — garante Mazzeno.

DIÁRIO CATARINENSE
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Foto:  Divulgação  /  Divulgação


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