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 | 13/01/2013 18h11min

Leste Europeu é o tema da segunda parte da série sobre o cinema universal

Volta ao Mundo em 8 Semanas traz panorama das principais cinematografias do planeta durante os meses de janeiro e fevereiro. A hora, agora, é da Romênia e da Polônia

Daniel Feix  |  daniel.feix@zerohora.com.br

A segunda parte do especial sobre as melhores cinematografias do século 21, que ZH apresenta ao longo de oito semenas até o fim de fevereiro (sempre nas edições impressas de segunda-feira), propõe uma visita a Polônia, Hungria, Romênia e ex-repúblicas de Checoslováquia e Iugoslávia. O biscoito de lá é tão fino que os filmes dos países da ex-União Soviética não entram aqui – ganharam uma matéria só para eles, no dia 10 de fevereiro próximo. Confira!

Clique aqui para ler a primeira parte, sobre a Ásia Extrema

Kusturica, Szabó, Kieslowski – não faz muito tempo e o Leste Europeu era terra de alguns dos grandes nomes do cinema de autor. Vieram os anos 2000 e a região segue em alta. Com outros cineastas na linha de frente.

Foi a produção romena a que primeiro chamou a atenção no novo milênio. Seu símbolo maior é 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de 2007, mas tudo começou com a abertura política do país após a morte do ditador comunista Nicolae Ceauscescu, em 1989. Além da liberdade de associação ao capital estrangeiro, que possibilita a realização de coproduções internacionais com, por exemplo, a França, a realidade do país se mostra propícia à criação artística. Algo que não ocorre só na Romênia: a possibilidade de falar de uma nação em crise (após o colapso econômico de 2000) foi fundamental para a Argentina se tornar uma das cinematografias da hora no planeta.

Sem restrições para abordar as mazelas sociais do país, diretores de gerações mais antigas como Nae Caranfil (de Filantrópica) enfileiraram longas desde 1990, e uma onda de jovens realizadores despontou na virada do milênio. O marco inicial do novo cinema romeno é Trem da Vida, lançado em 1999 por Radu Mihaileanu (que depois lançaria O Concerto). A afirmação veio com A Morte do Senhor Lazarescu, A Leste de Bucareste e Como Festejei o Fim do Mundo, trio incluído no Top 10 abaixo que abriu caminho para a consagração de uma filmografia que ainda inclui títulos como If I Want to Whistle I Whistle (de Florin Serban), Polícia, Adjetivo (de Corneliu Porumboiu) e Além das Montanhas (de Cristian Mungiu).

A Romênia produz 10 longas por ano, com orçamentos médios de 500 mil euros cada. Algo próximo do que se vê na Hungria, onde, contudo, são os veteranos Béla Tarr, Itsván Szabó e Miklós Jancsó os grandes responsáveis por posicioná-la entre as boas cinematografias do mundo – Tarr com As Harmonias de Werckmeister, Szabó com Adorável Júlia e Jancsó com Anyád!, entre outros títulos lançados neste século 21.

Se há energia revigoradora no Leste Europeu comparável à onda romena, ela vem dos bálcãs e da Polônia. Ainda com o genial Emir Kusturica (do recente Prometa-me Isso) como máxima expressão de seu talento, o cinema da Sérvia, da Bósnia e da Croácia começa a se fazer notar, com títulos que pouco “viajam” para além de suas fronteiras, embora só existam graças ao sistema de coprodução internacional. Entre eles estão Josef, de Stanislav Tomic, Tilva Ros, de Nikola Lezaic, Koko e os Fantasmas, de Daniel Kusan, e Cinema Komunisto, de Mila Turajlic, todos lançados a partir de 2010.

Entre os novos longas poloneses exaltados pela crítica internacional estão um drama adolescente (Tudo o que Eu Amo, de Jacek Borcuch), um romance proibido na Guerra Fria (Pequena Moscou, de Waldemar Krzystek) e o registro da fuga de um homem desesperado na aula de cinema que é Essential Killing, um dos filmes da volta do septuagenário Jerzy Skolimowski à direção. Essas produções, das quais a última é um exemplo muito bem acabado, falam menos da Polônia e mais de um mundo globalizado a ponto de darem a impressão de que poderiam ter sido realizadas em qualquer lugar do planeta. Nada ocasional, em se tratando do país de Krzysztof Kieslowski.

Top 10
Filmes do Leste Europeu nos anos 2000:
Pornografia, de Jan Jakub Kolski (Polônia, 2003)
Testemunhas, de Vinko Bresan (Croácia, 2003)
A Morte do Senhor Lazarescu, de Cristi Puiu (Romênia, 2005)
A Leste de Bucareste, de Corneliu Porumboiu (Romênia, 2006)
Como Festejei o Fim do Mundo, de Catalin Mitulescu (Romênia, 2006)
Em Segredo, de Jasmila Zbanic (Bósnia, 2006)
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu (Romênia, 2007)
Essential Killing, de Jerzy Skolimowski (Polônia, 2010)
O Moinho e a Cruz, de Lech Majewski (Polônia, 2011)
O Cavalo de Turim, de De Béla Tarr e Ágnes Hranitzky (Hungria, 2011)

Todas as matérias da série
7/01 Ásia Extrema
14/01 Leste Europeu
21/01 Universo Nórdico
28/01 Oriente Exótico
3/02 América Central
10/02 União das Ex-Repúblicas Soviéticas
17/02 Mundo Ibérico
24/02 Mediterrâneo Oriental

SEGUNDO CADERNO
ZON Lusomundo / Divulgação

Essential Killing, filme polonês de Jerzy Skolimowski
Foto:  ZON Lusomundo  /  Divulgação


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