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Itapema FM  | 10/12/2012 01h23min

Roger Lerina: a rainha Madonna é única

A diva do pop é carismática, competente, atrasada e única

Roger Lerina  |  roger.lerina@zerohora.com.br

Periguete e safadinha. Em seu strip tease nos palcos brasileiros, Madonna provocou o público com adjetivos insinuantes escritos nas costas.

O público de 43 mil pessoas que foi ao Estádio Olímpico neste domingo para ver o último show da turnê MDNA no Brasil, porém, poderia acrescentar outras definições para a Rainha do Pop: carismática, competente, atrasada, única.

A quarta apresentação da cantora no Brasil, dentro da turnê sul-americana de seu mais recente disco, repetiu o irritante atraso dos concertos anteriores no país: Madonna começou o show em Porto Alegre às 23h10min – mais de três horas depois do previsto. A abertura ficou por conta do DJ gaúcho Fabrício Peçanha e da dupla carioca Felguk, que fizeram a trilha sonora para o esquenta da plateia. A expectativa ansiosa foi enfim quebrada com o toque dos sinos anunciando a primeira parte do espetáculo, batizada de Transgression: bailarinos vestidos como monges católicos e budistas surgiram no megapalco balançando um enorme incensório, enquanto no fundo do cenário um crucifixo gigante com o nome Madonna inscrito era projetado. Seguindo um roteiro rigoroso e praticamente inalterado desde a estreia da turnê MDNA em Tel Aviv, em Israel, no dia 31 de maio, a primeira música foi Girl Gone Wild – segundo single do álbum lançado neste ano, com o palco transformado em uma catedral graças às projeções e às passarelas móveis e com Madonna vestida com um collant preto. No meio da performance, os trechos do sucesso Material Girl entusiasmaram os fãs.

O clima religioso ecumênico – que incluiu até cantos judaicos – cedeu lugar à violência em Revolver.

– E aí, Porto Alegre? – saudou Madonna.

Em Gang Bang, a cantora protagonizou uma coreografia de luta em um quarto de motel, lembrando o visual de filmes policiais como Assassinos por Natureza, de Oliver Stone. O número terminou com a loira "atirando" na cabeça do parceiro, como na letra da música, enquanto enormes imagens de respingos de sangue manchavam os telões. "Se você agir como uma bitch, você vai morrer como uma bitch. E eu estou indo direto para o inferno", cantou Madonna.

Papa Don’t Preach afastou a vida bandida de mentirinha, seguida da dançante Hung Up, em versão mais lenta e com Madonna se equilibrando na corda bamba, e de I Don’t Give A – quando a material girl pegou a guitarra e passeou na passarela, ao mesmo tempo em que no telão a rapper Nicki Minaj levantou a galera mandando o recado: "Há apenas uma rainha e ela é Madonna".

Um dos grandes momentos da noite veio depois de um interlúdio com a bela Best Friend: vestida de baliza de banda marcial e acompanhada pelo batuque de tocadores de tarol suspensos no alto por meio de fios, a diva entremeou Express Yourself com Born this Way – hit de Lady Gaga que Madonna e o mundo sabem ser uma cópia da primeira música. Depois de Give me All Your Luvin', Madonna conclamou em Turn Up the Radio:

– Eu quero ouvir todos os meus fãs cantarem mais alto do que o mundo inteiro!

O trio de cantores e percussionistas bascos Kalakan acrescentaram um toque de world music a Open Your Heart.

– Esse é o primeiro show na América do Sul que não chove, muito obrigado! Esse tempo me deixou muito resfriada e eu cheguei a considerar não fazer o show – revelou Madonna, acrescentando: – Mas daí eu vi os sorrisos e a animação de vocês e me animei.

A americana aproveitou para tentar se comunicar em português:

– É difícil falar em português. Aprendi a dizer "caralho", "sou safada", "gostosa", "muito, muito periguete".

Depois da romântica Masterpiece, mais um interstício de vídeo ao som de Justify my Love e Madonna voltou para o segmento sadomasoquista. Vogue ensaiou um desfile na passarela que avançava na plateia, com figurinos em preto e branco e Madonna usando um sutiã pontudo típico do estilista Jean Paul Gaultier – em meio a várias mudanças de figurino, a artista vestiu também modelos de Dolce & Gabanna, Miu Miu, Prada, Swarowski e Adidas, entre outras grifes. Já Human Nature foi o momento da ousadia premeditada: depois de tirar a camisa e deixar o sutiã à mostra, a musa deu as costas para o público e arriou as calças, mostrando o bumbum sarado e exibindo uma palavra em hebraico:

– Obrigado. Quero agradecer a todas as mulheres do mundo que tiveram coragem de se levantar, se expressar e foram mortas, assassinadas, apedrejadas.

A última parte do grandioso espetáculo que parecia um musical da Broadway – cuja direção é do canadense Michel Laprise, do Cirque du Soleil – foi em clima de balada. Madonna colocou o povo para dançar com I’m Addicted, seguida de I’m a Sinner – ilustrada por imagens de cima de um trem captadas na Índia pela Moment Factory, empresa que produziu a apresentação de Madonna no intervalo do Super Bowl. Mesmo com toda essa superprodução de efeitos especiais, iluminação e telões, o clímax do show foi relativamente despojado: acompanhada apenas de um coro gospel e do filho Rocco, Madonna fez o estádio inteiro entoar o hino Like a Prayer, vestindo no fim da música uma camisa da Seleção Brasileira com seu nome escrito, jogada por um fã, e sacudindo uma bandeira nacional. Na saideira, Madonna despediu-se de Porto Alegre com a sacolejante Celebration – dançando com o mesmo fôlego de duas horas antes e provando que, aos 54 anos, continua sendo a rainha absoluta das pistas.

SEGUNDO CADERNO
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