Notícias

Itapema FM  | 03/12/2012 17h35min

Capital Inicial completa três décadas com disco de rock enérgico

"Saturno" reúne 11 músicas inéditas que provam o poder de fogo do quarteto brasiliense

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

O Capital Inicial fecha 30 anos de carreira em 2013. Seguindo a tendência natural para efemérides do gênero, não seria estranho se o quarteto brasiliense estivesse preparando uma daquelas típicas turnês caça-níqueis que tomaram o cenário musical nos últimos anos. Em vez disso, Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Yves Passarel preferiram olhar para frente e lançar Saturno, álbum com 11 faixas inéditas compostas em cima de guitarras distorcidas e energia juvenil.

A premissa, conta o vocalista Dinho Ouro Preto, foi simples: que tipo de disco os integrantes da banda gostariam de ouvir se tivessem 16 anos? Parte da resposta sempre esteve, literalmente, embaixo dos seus narizes, no público quase todo formado por adolescentes que comparece em massa às apresentações ao vivo da banda. Uma audiência que sequer era nascida quando o Capital estourou, mas que é atraída hoje pelos shows vibrantes do grupo.

– Quando éramos moleques, antes do punk, ouvíamos Led Zeppelin, Balck Sabbath, AC/DC, grupos cujos álbuns de estúdio têm a mesma energia dos palcos. Daí, trabalhamos nesse sentido, de fazer um disco que tivesse a mesma pegada dos nossos shows, que fosse barulhento, nervoso e divertido – descreve Dinho.

Conceito decidido, foi chamado de volta o produtor David Corcos, que trabalhara com a banda no disco anterior, Das Kapital (2010), em que a ideia de pesar a mão havia sido plantada. Em Saturno, os frutos são colhidos logo na primeira faixa, a excelente O Bem, O Mal e o Indiferente, em que um piano martela incessantemente sob as guitarras de Yves Passarel – guitarras que, pela primeira vez na discografia do Capital, orientaram a construção de todas as músicas de um CD da banda.

As bordoadas continuam em Saquear Brasília, que remete aos primeiros tempos do Capital Inicial – ou até antes, do seminal Aborto Elétrico – tanto pela levada punk quanto pela letra politizada. Apocalipse Agora é quase uma continuação, com o baixo de Flávio Lemos estourando bonito pelas tabelas, enquanto O Cristo Redentor é um rockão distorcido, formado na melhor escola Queens of the Stone Age.

– Estamos conscientes de que o disco pode não tocar tanto no rádio, mas o Capital já tocou suficientemente no rádio. Estamos agora mais preocupados com o nosso legado, e daí volto a falar daquela gente toda que eu ouvia há 30 anos e ainda ouço. Quero que um garoto de 18 anos ouça esse disco e volte a ouvi-lo quando tiver 48 – pondera Dinho, que fechou essa idade em abril e não se vê fazendo menos do que faz hoje.

Livre do cigarro e das drogas, empenhado em se alimentar melhor e manter uma rotina de exercícios, o vocalista se inspira nos monstros do rock internacional para continuar a trilhar seu caminho no rock nacional. 

– Existe esse pensamento no Brasil de que o sujeito que passou de uma certa idade não pode mais fazer rock, tem que ir fazer MPB, tem que diminuir o ritmo. Não concordo com isso, quero fazer como Steven Tyler e Mick Jagger, passar dos 60 com todo o gás – salienta.

Pelo menos por enquanto, nada de banquinho e violão para o Capital Inicial. Ainda bem.

SEGUNDO CADERNO
Divulgação / Marianna Vianna

O vocalista Dinho Ouro Preto em seu habitat natural, no show de lançamento de "Saturno"
Foto:  Divulgação  /  Marianna Vianna


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.