As ações educativas realizadas pelo Museu de Arte de Joinville (MAJ) nos últimos quatro anos foram reconhecidas e premiadas por um dos mais importantes prêmios de educação museal: o Prêmio Darcy Ribeiro 2012. A premiação é concedida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e contempla projetos com incentivo de R$ 10 mil pelas práticas e ações educativas nos museus.

O MAJ foi premiado com o Projeto Multidisciplinar, que envolve instituições e públicos em ações de educação não-formal relacionadas à arte. Ele ocorre desde 2009, sempre com diferentes processos que visam atender os públicos mais diversos, ampliando o acesso ao patrimônio artístico e cultural de Joinville.

Os projetos garantem não só que os alunos atendidos pelo projeto sejam atendidos, mas o estende para familiares e amigos destas pessoas.

— Ele gera uma movimentação nos grupos familiares que faz com que eles descubram o museu e que, por exemplo, a arte contemporânea tem muito mais a ver com a nossa vida do que eles imaginavam — afirma a educadora do MAJ, Alcione Ristau.

O projeto já passou pelo curso de artes visuais da Univille, a Escola de Música Villa Lobos, o Setor de braille da Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin e, em 2012, atendeu a 23 crianças e adolescentes do Centro de Referência de Assistência Social do Morro do Meio - CRAS. 

Nos primeiros dois anos, a multidisciplinaridade da ação teve como foco, de alguma forma, a deficiência visual. Em 2011, foi a música que pautou o projeto e, este ano, alunos de seis a 12 anos do CRAS Morro do Meio produziram sua própria exposição depois de conhecer as obras de "À Deriva", oferecida pelo projeto Rumos Itaú Cultural.

— Muitas crianças nunca tinham ido ao museu e ficaram sabendo que podiam visitá-lo, que é um espaço para eles também. Puderam ter contato e interagir com os trabalhos e fizeram disso uma avaliação muito positiva — afirma Alcione.

Com o prêmio, o valor recebido pelo museu deve ser incorporado nas próximas ações do Projeto Multidisciplinar — a equipe ainda está definindo como agregá-lo ao projeto.

Conheça as ações do Projeto Multidisciplinar, do Museu de Arte de Joinville

2009: O resultado do projeto foi uma exposição criada com a colaboração do responsável pelo setor de braille da biblioteca, Osmar Pavesi.
— Eu tive aula com o escultor Mário Avancini na faculdade e ele sempre disse que sua esculturas eram paras ser tocadas, e não apenas vistas — lembra Carlos Alberto Franzoi, diretor do Maj e responsável pelo Projeto Multidisciplinar.
A curadoria de Pavesi levou à exposição "Com.Tato", na qual os público vivia a sensação de não ter visão por alguns minutos, enquanto "via com as mãos".

2010: Os alunos do 3º ano de Artes Visuais da Univille foram responsáveis pela curadoria de uma exposição do artista Elvo Benito Damo, a "Bugreiro". As 15 serigrafias que Elvo produziu com o tema foram expostas pela primeira vez em Joinville e ganharam tradução em braille em todos os sentidos: não só os poemas que acompanhavam as obras puderam ser lidos pelos deficientes visuais como também as serigrafias foram detalhadas pelos alunos e pregadas ao lado, garantindo a experiência completa para este público.

2011: O artista Fernando Lindote colocou suas obras à disposição dos alunos de piano da Escola de Música Villa-Lobos para que estes compusessem canções sobre elas no instrumento. Cada aluno (com idades que iam de dez a 65 anos), produziu uma composição, que depois conversava com imagens da obra e estas foram reproduzidas para o público. A exposição foi batizada de "Composições Musicais — um Olhar Sobre a Poética de Fernando Lindote" e liderada pelo professor de piano Marco Aurélio Schmidt.

2012: Alunos de seis a 12 anos participaram de oficinas de artes e visitaram a exposição "À Deriva", do projeto Rumos Itaú Cultural. A partir da experiência, criaram sua própria exposição, a "O que do museu eu guardo no Morro do Meio", criada com o mesmo formato que as exposições  feitas no Maj.