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Itapema FM  | 22/11/2012 10h10min

Nova edição de Cartas a Nora, traduzida por marido e mulher, traz cartas eróticas de James Joyce escritas para sua mulher

Os textos oferecem uma visão crua da vida sexual do casal, narrada com detalhes por Joyce

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

A literatura erótica, que tem ocupado as listas dos livros mais vendidos, também já foi o foco de escritores renomados que se aventuraram a narrar aventuras e desejos sexuais. É o caso do livro Cartas a Nora, que reúne cartas trocadas entre o irlandês James Joyce e sua esposa, Nora Barnacle Joyce e que foi recentemente traduzida por Sérgio Medeiros e sua mulher, Dirce Waltrick do Amarante. A nova edição chegou este mês às livrarias.

Confira aqui trechos do livro

— É a única tradução dessas cartas feita por um casal. É uma experiência única que vai além da competência de tradução, mas entra na liberdade que a gente tem como casal. Além disso, é a tradução mais completa já feita em língua portuguesa desta obra, que é considerada uma das grandes obras eróticas da literatura universal. É mais completa, por exemplo, que a edição espanhola e a francesa, que consultamos — afirma Sérgio Medeiros diretor-executivo da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC).

Ele e Dirce, que é professora da UFSC, são escritores e têm como projeto pessoal traduzir para o português obras significativas da literatura, como o próprio Cartas a Nora, que mostra o papel fundamental da esposa no desenvolvimento de Joyce como escritor.

— Joyce teve um caso no começo de seu relacionamento com Nora e passou a ela uma doença venérea. Para evitar que ele se envolvesse com outras mulheres, sempre que eles estavam distantes eles se incentivavam a escrever cartas eróticas — relata Sérgio.

O resultado é um conjunto de correspondências que trata de todos os aspectos de um relacionamento. Desde o cotidiano, afazeres, viagens e compras, até sexo e desejo. As cartas registram o primeiro recado trocado pelo casal, depois que se conheceram caminhando pelas ruas de Dublin, na Irlanda, e seguem acompanhando seu relacionamento, sempre movimentado, e que influenciou intensamente obras de Joyce como Ulisses e Finnegans Wake, ambas consideradas entre as mais inovadoras e radicais do século 20 — e também entre as mais difíceis de ler.

— As cartas são esclarecedoras para ler Finnegans, por exemplo. Ele não pensou as cartas como obra de arte, estava escrevendo o que lhe vinha na cabeça, então ,não tem correção. É curioso porque como escritor ele burilava seus romances, reescrevia muitas vezes, então conhecemos um outro Joyce. Aprendi muito com essas cartas — conta Sérgio.

Fora o insight literário, as cartas oferecem uma visão crua da vida sexual do casal, narrada com detalhes por Joyce.

— Ele inventou muitas técnicas narrativas para dar conta de uma linguagem que mudava conforme o dia e os sentimentos. Ele é o máximo. Ulisses pra mim é o máximo da literatura — admira, Sérgio.

O mesmo se aplica à narração erótica, Joyce desenvolveu sua própria maneira de falar sobre o assunto e também nesse aspecto se tornou referência.

DIÁRIO CATARINENSE
Ricardo Wolffenbüttel / Agencia RBS

"Sempre que eles estavam distantes se incentivavam a escrever cartas eróticas", relata o tradutor
Foto:  Ricardo Wolffenbüttel  /  Agencia RBS


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