Em 1998, a atriz, clown e tiriteira Lily Curcio viajou para Londres atrás de uma experiência inesquecível: ter seu espetáculo dirigido pelo italiano Nani Colombaioni. Considerado um dos maiores clowns de todos os tempos, Nani vinha de uma família de artistas circenses que haviam servido até mesmo como personagens para o filme "Os Palhaços", de Frederico Fellini, em 1970.

Durante algumas semanas, Nani viveu ao lado da família Colombaioni para criar "O Acrobata", espetáculo solo em que sua clown, Jasmin, contracena apenas com o mascote Pippo — um fantoche manipulado por ela. Nesta quinta-feira, o resultado deste trabalho realizado há 14 anos estará no Teatro do Sesc Joinville, com apresentação às 20 horas.

É claro que, tantos anos depois e com tantos caminhos trilhados, "O Acrobata" já teve algumas modificações, mas nada que mexesse no que foi criado pelo mestre Colombaioni.

— Eu queria muito que ele dirigisse meu espetáculo, já tinha algumas ideias que mostrei a ele e, então criamos a relação de Jasmin com o mascote — lembra Lily, que é argentina radicada no Brasil, onde montou o grupo Seres de Luz Teatro em 1994.

"O Acrobata" é um espetáculo clownesco clássico, no qual o uso do verbo é minimizado para dar lugar à ação e à expressão física.

— Sempre sentimos a reação do público e cada apresentação é diferente, porque o clown tem um diálogo com a plateia. Mesmo assim, eu respeito a coreografia e as marcações de Nani — afirma a atriz.

Em cena, Jasmin tenta fazer com que Pippo realize grandes acrobacias — e já se pode adiantar que são tentativas malsucedidas, pois Pippo é um preguiçoso. Dessa forma desajeitada e meio patética, "O Acrobata" procura tocar o coração dos espectadores pela ternura, e, como Lily define, "fazer cócegas no coração".

— É um espetáculo que mexe, principalmente, com os dois extremos da idade: com os pequeninhos e com os velhinhos. Ele funciona especialmente com estes dois públicos — avalia ela.

A peça já foi apresentada em vários países, como Itália, Romênia, Espanha, Colômbia, Taiwan, Peru e Argentina, e para os mais diferentes públicos. A mais inesquecível para a atriz, no entanto, foi na Suíça, em um campo de refugiados da Guerra do Kosovo.

— Eram pessoas que haviam acabado de sair da guerra, haviam perdido tudo. Eu apresentei muito emocionada e, quando acabei, não estava satisfeita com o meu trabalho. Mas, ao ir embora, em um jipe da Cruz Vermelha, a meninada correu para as grades para acenar pra mim e essa cena ficou marcada demais — lembra.

AGENDE-SE

O QUÊ: apresentação de "O Acrobata", da Seres de Luz Teatro.
QUANDO: 1º de novembro, às 20 horas.
ONDE: Teatro do Sesc Joinville, na rua Itaiópolis, América, Joinville.
QUANTO: gratuito, com entradas distribuídas uma hora antes do início do espetáculo.
INFORMAÇÕES: (47) 3441-3300.