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Itapema FM  | 09/10/2012 23h23min

Michel Onfray defende ateísmo e Estado laico em conferência em Florianópolis

Filósofo francês acusou religiões de proporem uma vida mutilada e de incitação ao ódio

Fernanda Oliveira  |  fernanda.oliveira@diario.com.br

Deus não existe. A Europa vai mal. Vivemos uma globalização metafísica. A filosofia liberta e a religião propõe o ódio.

Foi com afirmações polêmicas como essas que o filósofo e escritor francês Michel Onfray falou à plateia do seminário Fronteiras do Pensamento, em Florianópolis, na noite desta terça-feira. A conferência tinha como tema geral Filosofia para todos, mas, logo no começo, Onfray sugeriu um título mais provocativo: Sem Deus.

Autor de ideias controversas, como a de que Freud era charlatão e São Paulo sofria de impotência sexual, Onfray defendeu o hedonismo e a construção de uma verdade filosófica como formas de aceitar o mundo tal qual ele é. 

— Sou a favor da filosofia funcionando contra a teologia, e da democracia se opondo à teologia. As religiões propõem lendas que fornecem segurança, enquanto a verdade do mundo é a angústia — defendeu o escritor.

Para ele, a afirmação conhecida do filósofo alemão Nietzsche em Gaia Ciência - "Deus está morto" - não seria totalmente verdadeira. De acordo com o pensamento de Onfray, os três monoteísmos sobre os quais a civilização atual se funda - o cristianismo, o judaísmo e o islamismo - estão impregnados nas formas do Estado e do Direito, por isso Deus estaria vivo. Ele cita como exemplo o paradigma do livre arbítrio, que seria uma herança do cristianismo, obrigando o homem a uma escolha entre o bem e o mal.

A solução para o que ele chama de "vida mutilada", proposta pelas religiões, segundo Onfray, seria uma mudança total de pensamento, da ordem do religioso para o filosófico e histórico. Além disso, de acordo com ele, é necessário que o Estado seja uma entidade livre de religiosidade.

— Não estou querendo proibir ninguém de acreditar em nada. Mas a religião é uma questão privada, não pode ser usada no âmbito público. Na França, a configuração permitiu que tivéssemos um Estado laico. Cabe aos brasileiros inventar as formas de sua própria laicidade —  disse o francês.

Além de filósofo e escritor, Michel Onfray é professor e fundador da Universidade Popular de Caen, instituição baseada em isenção de taxas e acesso livre ao conhecimento. Em 2010, Onfray lançou um de seus livros mais polêmicos, Crépuscule d'une idole, l'affabulation freudienne (O Crepúsculo de um Ídolo, a Fábula Freudiana, ainda não lançado no Brasil), em que compara a psicanálise a uma religião e faz inúmeras críticas ao método criado por Sigmund Freud.

O seminário internacional Fronteiras do Pensamento começou na segunda-feira, com a conferência O cinema está morto. Vida longa ao cinema, do cineasta brtiânico Peter Greenaway. O ciclo segue até esta quarta-feira à noite, com a conferência do jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira, chamada As fronteiras da ecologia: impasses e contradição.

Serviço
O quê: Fronteiras do Pensamento
Quando: de segunda a quarta-feira, a partir das 20h
Onde: Teatro Governador Pedro Ivo (Rodovia SC-401, 4.600, Bairro Saco Grande, em Florianópolis)
Quanto: palestra de amanhã - R$ 100. Venda online no site www.blueticket.com.br. Também no quiosque Blueticket do Beiramar Shopping. Desconto de 50% para estudantes, professores e portadores de deficiência física apenas no ponto de venda físico de ingressos.

DIÁRIO CATARINENSE
Flávio Neves / Agencia RBS

Michel Onfray: críticas às religiões e defesa da filosofia
Foto:  Flávio Neves  /  Agencia RBS


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