Terça-feira, 19 horas. Para onde se olhe em Joinville há pessoas ocupadas, caminhando em direção à casa, a mais uma jornada de trabalho ou estudos e, ainda, aquelas em busca de um momento de lazer. Na mesma hora, em dois pontos diferentes da cidade, há grupos de pessoas rolando no chão, gritando nomes que não são seus, discutindo e vivendo paixões de alguns minutos.

Parece sem sentido, mas a comunicação entre eles é completa. O jogo que só eles entendem se transformará, mais tarde, em espetáculo para a plateia – aquele momento na terça à noite, no entanto, é dos integrantes do grupo, que poderiam estar fazendo qualquer outra coisa da vida, mas decidiram dedicar seu tempo, seu corpo, sua voz e criatividade para tornarem-se atores.

Em um dos lados da cidade, estão os alunos do curso JP Bureau de Talentos, que passam um ano e meio estudando interpretação para teatro, TV e cinema. É, segundo o professor Jean-Pierre Kühl, o início da trajetória de quem quer virar ator profissional. No outro lado, os alunos da Studio Escola de Atores dominam um palco no qual podem ficar por anos.

— O estudo para ser ator é baseado na repetição, então precisa de fluência e trabalho contínuo—, avalia a professora Fernanda Moreira, proprietária da escola.

Juntos, eles contam com cerca de 50 alunos que buscam diferentes destinos. Para alguns, um curso de interpretação é apenas um jeito de perder a timidez e aprender a falar em público. Outros, são apaixonados pelo palco e pelas câmeras e têm esta experiência de aprendizado como o primeiro passo para a vida nas artes cênicas.

Na última década, sonhar com uma carreira artística em Joinville não é ilusão. A região tem exportado talentos como Amanda Richter e Germano Pereira e a Associação Joinvilense de Teatro (Ajote) contabiliza dez anos de existência e 12 companhias associadas.

O caminho não é fácil e isso fica claro no primeiro dia de aula. Quem não aprende enquanto aluno, fica sabendo ao correr o risco por conta própria na hora de se mudar e descobrir que nem tudo são entrevistas, festas e fama.

—Eu aviso para os alunos: não adianta querer se mudar para Rio e São Paulo sem base, lá você vai ser só mais um—, diz Jean Pierre.