Itapema FM | 17/09/2012 16h20min
Parece papo antigo, do tempo em que ainda se ouvia discos música por música - e não faixas avulsas na internet ou no iPod, como hoje. Mas a ordem em que Djavan apresenta as canções de Rua dos Amores, seu novo CD, fez toda a diferença no impacto que ele causa no ouvinte.
O álbum tem, de cara, meia dúzia de faixas com todos os elementos que reconhecemos como o "estilo Djavan": a batida sincopada do violão, o alongamento no final das frases melódicas, as letras que valorizam tanto o sentido das palavras quanto seu som. Djavan estáem sua zona de conforto, éo que parece.
Mas é tudo mentira. São muitos os temas menos "djavaneanos" no trabalho. Ares Sutis, Quinze Anos e Rua dos Amores, por exemplo, fogem completamente disso. O problema éque eles sósurgem lápara o final da audiçã, depois de a impressã de "mais do mesmo" ter se cristalizado nos ouvidos.
O artista diz que isso não é problema. Sabendo-se dono de obra tão pessoal, não se preocupa com a contemporaneidade das composiçõs.
- Só me preocupo com a inventividade. Minha música não se dispõe a vender nada que nã seja a emoção. Ou vocêgosta porque foi tocado por aquilo ou nã gosta. Prefiro isso a esperar que encontrem no meu trabalho uma estética moderna - afirma o músico.
A propóito, todas as cançõs do disco sã novas. A maior parte delas foi composta hámenos de seis meses. A mais velha, Vive, é a única não inédita (foi lançada por Maria Bethânia em março). Sua versão tem potencial para tocar em novela, no rádio.
- Gosto de não ter uma música exatamente popular mas, apesar disso, ser um artista popular. Ter minha música executada tanto nos guetos quanto nos grandes salões é a glória. Ser tocado à exaustão em bares não me faz menor. Ao contrário: estou criando uma legião de pessoas que se reconhecem em mim - acrescenta.
Os imitadores de Djavan. Esse é um tema de que o músico parece querer se esquivar, mas que o persegue desde os anos 1970. Como todo artista que tenha criado um estilo particular - Joã Gilberto, Elis Regina, Raul Seixas - ele é dono de uma escola estéica. Gerou filhos.
Também como aqueles, polariza opiniões. É amado por uns e odiado por outros. Afirma que essa divisão entre amantes e detratores, além de ser natural, é bem-vinda e estimulante.
- Quando não mais houver uma coisa assim é porque está deixando de haver as matrizes. E elas existem na música, na moda, em qualquer atividade. Matrizes que são intransferíveis, mas copiadas por muita gente. Elas são matrizes exatamente por isso.
Faixas:
1. Já Não Somos Dois
Influenciada pelo jazz, a canção fala sobre uma separação dolorosa
2. Anjo de Vitrô
Solo de piano embala a música que narra um amor platônico que, eventualmente, torna-se correspondido
3. Triste É o Cara
Djavan retrata a dificuldade do homem que não sabe amar, e canta que "amar é a solução"
4. Acerto de Contas
Com batidas de samba, a música fala sobre um homemque pisou na bola e está arrependido
5. Bangalô
Primeira música do disco a ser tocada nas rádios, é uma balada sobre um cara que reluta em cair na tristeza
6. Pecado
Fala sobre as pequenas coisas que atrapalham um casal
7. Ares Sutis
Djavan tenta mostrar o ponto de vista feminino, o que é raro em suas composições
8. Quinze Anos
O cantor fala sobre as emoções de um amor que atravessa o tempo e enfrentas as dificuldades
9. Vive
Recentemente, a música foi gravada por Maria Bethânia, no disco Oásis de Bethânia. Ela fala sobre a necessidade de deixar o tempo resolver os problemas
10. Pode Esquecer
É a única música do disco que foge do tema amor. No fim, acabou sendo como uma sátira política
11. Reverberou
O samba narra um amor adolescente, no qual um garoto chama a amada para dançar pela primeira vez
12. Quase Perdida
Em ritmo de jazz, Djavan fala obre a reconciliação em um relacionamento
13. Rua dos Amores
Canção que dá nome ao disco.
- É um nome adequado para o disco, pois ele fala sobre todas as formas de amor - comenta Djavan
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