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Itapema FM  | 27/08/2012 15h04min

Cantor e compositor Zé Ramalho volta ao mercado em dose dupla

Cantor lança o novo "Sinais dos Tempos" junto da reedição em vinil do mítico "Pâebirú"

O coquetel que gestou Zé Ramalho na Paraíba é conhecido: cantores de feira, Bob Dylan, forró, alquimistas, Beatles, extraterrestres, Gonzagão e pregadores do fim do mundo. Foi assim que ele legou, em quase 50 anos de carreira, algumas das melhores criações da música moderna nordestina, como Chão de Giz e Vida de Gado. O bardo de Brejo do Cruz retorna agora com novo disco, produzido por Robertinho do Recife, seu parceiro siamês.

Sinais dos Tempos, que marca o retorno de Zé Ramalho após cinco anos sem disco de inéditas, examina seus 62 anos de vida na mesma via pela qual construiu sua carreira: a do misticismo e do delírio. "Tudo o que sonhei atravessa o cristal", ele canta em Anúncio Final. Guitarras blueseiras se unem a sanfona em um álbum que inventaria a trajetória de um herói popular. Zé Ramalho está em uma clima meio nostálgico. "Lembre as escadas e os porões das ditaduras/Lembre as histórias/de paixões e de loucuras/De canções e aventuras/Que não voltam nunca mais". Até a fase negra está em foco. As letras, um dos seus trunfos, trazem alguns achados memoráveis.

Paralelamente ao novo disco, chega ao mercado um dos mais caros e raros discos nacionais. É Pâebirú, assinado por Lula Côrtes e Zé Ramalho e que passou quase 40 anos sumido. O álbum pode ser encontrado nas lojas em seu formato original – vinil duplo. O trabalho foi gravado entre outubro e dezembro de 1974 na extinta gravadora Rozenblit (de Recife), que pegou fogo logo após a gravação. Foram salvos poucos exemplares, que passaram a ser disputados nos sebos – chegou-se a pagar US$ 4 mil (cerca de R$ 8 mil) por um LP autêntico. O próprio Zé Ramalho disse que a única cópia que tinha de Pâebirú era "um vinil pirata alemão". Zé Ramalho e Lula Côrtes (morto no ano passado) nunca quiseram fazer uma reedição.

O disco se tornou uma raridade por outros fatores além do incêndio que destruiu as masters. O elepê duplo é dividido em quatro partes, cada uma dedicado a um dos quatro elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo e Água. A psicodelia misturada ao senso de improviso jazzístico e aos ritmos nordestinos compõe uma antevisão musical rara. "Pâebirú" é uma palavra de origem inca que quer dizer O Caminho da Montanha do Sol.

No disco, estavam Robertinho do Recife, Marconi Notaro, Jarbas Mariz, Zé da Flauta, Geraldo Azevedo, Alceu Valença e o incrível Dom Tronxo, que acabou se tornando um guitarrista cult posteriormente. Na época, Lula Côrtes já tinha em seu currículo o álbum Satwa (1973). Zé Ramalho já tinha tocado com Alceu Valença e trazia na bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e ecos da beatlemania (como a banda Os Quatro Loucos).

Agência Estado
Ricardo Wolffenbüttel / Agencia RBS

Músico revê sua história em dois momentos com lançamentos em CD e vinil
Foto:  Ricardo Wolffenbüttel  /  Agencia RBS


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