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Itapema FM  | 27/08/2012 06h35min

Coletânea reúne em livro 365 tirinhas de Charlie Brown, Snoopy e suas sacadas geniais

Charles Schulz criou a turma dos Peanuts, que mudaram a história dos quadrinhos, em 1950

Roberta Ávila  |  roberta.ávila@diario.com.br

Uma das coisas mais bonitas na arte, em todas as suas formas, é a falta de pretensão. A simplicidade é capaz de criar coisas universais e emocionantes, como as tirinhas dos Peanuts.

Charles M. Schulz publicou seus primeiros desenhos em 1932, há 80 anos, mas só em 1950 que criou os personagens que mudariam a história dos quadrinhos. Depois de lutar na Segunda Guerra Mundial, Schulz declarou que o exército tinha lhe ensinado tudo que precisava saber sobre a solidão. A lição dolorosa talvez seja a responsável pelo tom doce-amargo das tirinhas de um grupo de crianças criadas na rua com os amigos, brincando com o cachorro e pensando sobre a vida, sobre o que será deles quando crescerem, sobre as questões mais básicas do ser humano: como e de onde viemos? Por que somos quem somos e como podemos mudar isso?

A coletânea Peanuts Completo: 1959 A 1960 (Vol. 5), lançada em junho pela editora L&PM reúne um ano completo de tirinhas da turma do Charlie Brown. Os Peanuts foram o primeiro quadrinho introspectivo. Até então os quadrinhos eram tidos como paraliteratura, como uma categoria menor. Apesar dos desenhos adoráveis, a força dos Peanuts vem do texto. Com sua delicadeza, eles abriram caminho para uma série de outros personagens amados em todo o mundo, como a Mafalda de Quino, Calvin e Haroldo, de Bill Watterson, Macanudo, de Liniers, Horácio, de Mauricio de Sousa.

Até as tirinhas de Rafael Sica, que invertem o princípio dos Peanuts trabalhando com tirinhas que muitas vezes não têm texto, mas que transmitem mensagens sensíveis só com a imagem, ou as mensagens ácidas dos Malvados de André Dammer, devem a Charlie Brown e Lino a possibilidade de usar o humor para tratar de assuntos como tolerância, solidão, a passagem do tempo, o medo de ser incompetente e de não se encaixar no mundo.

Os personagens serem crianças talvez torne mais plausível as divagações dos personagens. Nesse ponto, cada um deles tem um foco diferente. Enquanto Charlie Brown é delicado e incapaz de se relacionar normalmente com as outras crianças, ou mesmo jogar beisebol ou futebol, Linus tem o conforto de ter um cobertor para abraçar e Snoopy a liberdade de um poeta (ou de um animal) para refletir sobre as folhas que caem de uma árvore e como seria sua vida se ele também fosse uma folha. Que tipo de folha ele seria? Ele se preocuparia com cair da árvore no outono? Como se sentem as folhas? São perguntas como essas que refletem não só as questões existenciais, mas outras muito reais, mas que  os adultos às vezes se esquecem. Como, por exemplo, as várias versões da felicidade para as crianças, seja a de abraçar um cachorro fofo, ir bem na prova de matemática, achar um livro da biblioteca que se tinha perdido - e quão imensas podem ser essas pequenas felicidades.

Coletânea Peanuts Completo: 1959 a 1960 (vol. 5). Lançamento LP&M, com 344 páginas. R$ 75 (preço médio)

Saiba mais

O Museu Charles Schulz, fundado em 2002 em Santa Rosa, na Califórnia, estima que mais de 90 milhões de pessoas já tenham lido as tirinhas dos Peanuts em todo o mundo. Mais de 20 mil produtos foram licenciados com a imagem da turma. Schulz tem estrela na calçada da fama, em Hollywood, assim como Whoopy Goldberg, atriz que deu entrevista para a abertura da coletânea e se declarou fã incondicional dos Peanuts.

DIÁRIO CATARINENSE
Divulgação / Divulgação

Snoopy tem a liberdade de um poeta para refletir sobre questões existenciais
Foto:  Divulgação  /  Divulgação


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