A peça começa. Além dos atores, há mais uma pessoa em cena: a diretora Christiane Jatahy, que fica sentada em um canto. De lá, ela comanda o espetáculo. As cenas vão acontecendo, até que ela grita: "corta!" Os atores precisam ficar atentos o tempo todo, porque ela edita parte do espetáculo teatral diariamente, ao vivo, ali, na frente da plateia, mudando a ordem das cenas e as cortando em pontos diferentes.

Esta é a diferença na peça Corte Seco, que recebeu o nome justamente porque as cenas são cortadas de forma abrupta, a cada nova apresentação. O espetáculo, estrelado pelo ator global Eduardo Moscovis, estará em Florianópolis de hoje a domingo, no Teatro do Sesc da Prainha, em Florianópolis. Os ingressos são gratuitos, e a peça é patrocinada pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura.

Christiane Jatahy faz uma analogia entre a peça e a vida de todos nós. Um acidente, uma revelação, um crime ou mesmo um fato banal pode interromper o curso da nossa história, mudando para sempre a trajetória. E Corte Seco pretende isso: mostrar as bruscas interrupções que ocorrem na vida.

A peça estreou em novembro de 2009 no Rio de Janeiro, e tem sido um grande sucesso de crítica e de público. Participou de festivais em todo o Brasil e recebeu indicações de Melhor Texto pelo Prêmio APTR dos críticos do Rio de Janeiro e de Melhor Direção pelo Prêmio Shell 2010.

Fragmentos da vida real levados para o palco

O elenco reúne parte da Cia. Vértice de Teatro com outros atores. Além de Du Moscovis, estão em cena Thereza Piffer, Felipe Abib e Stella Rabello. Durante o período de ensaios, os próprios atores levaram suas histórias pessoais, processos judiciais, notícias de jornal e outras referências que, aos poucos, iam virando cenas. Christiane transformou este material em dramaturgia. São várias situações, que mudam conforme o "humor" da diretora.

— A peça deixa tudo aparente. A plateia percebe como os atores constroem o espetáculo, ao vivo. Estou com eles no palco, e com os operadores de som e de luz, que também recriam parte do trabalho a cada dia — explica Christiane Jatahy.

Apesar de ser uma apresentação diferente a cada dia, a diretora avisa que não se trata de um espetáculo de improviso.

— Há janelas abertas para a improvisação, mas não é a linha deste trabalho — diz.

Corte Seco completa a trilogia da Cia. Vértice de Teatro, que iniciou com o monólogo Conjugado e prosseguiu com a A Falta que nos Move (2005).

Preste atenção!

Imagens captadas por câmeras de segurança instaladas no entorno do teatro serão exibidas ao vivo em vários monitores de TV instalados no cenário. A rua, os bastidores, camarins e a área ao redor do teatro fazem parte da cena.

AGENDE-SE

O que: Peça Corte Seco

Quando: de hoje a domingo, às 20h

Onde: Teatro Sesc Prainha (Travessa Syriaco Atherino, 100). Telefone (48) 3229-2208 e (48) 3229-2209

Quanto: Gratuito. Retirar uma hora antes do espetáculo ou na Central de Atendimento