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Itapema FM  | 12/08/2012 11h15min

Filme "Quando Paris Está em Chamas?" é relançado em DVD

Filme de 1966 reconstitui um dos capítulos mais emblemáticos da II Guerra, a ocupação nazista na França

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Os anos da ocupação nazista na França formam um dos capítulos mais dramáticos e controversos da II Guerra. Quando Paris Está em Chamas? (Paris Brûle-t-il?) foi lançado, em 1966, o clima ainda era de inconteste exaltação à bravura dos franceses na resistência aos alemães.

Com o tempo, tornou-se emblemática a questão do colaboracionismo com o inimigo, tema ainda hoje de debates inflamados na França e enredo de filmes e livros solidamente sustentados por testemunhos e documentos.

Com direção de René Clément, um dos principais realizadores do cinema francês da geração pré-nouvelle vague, Paris Está em Chamas? segue o modelo de superprodução internacional visto anos antes em O Mais Longo dos Dias (1962), dramatização do desembarque dos aliados na Normandia, no dia D (6 de junho de 1944), início da marcha que levaria à libertação de Paris, em agosto.

Clément precisou de quase três horas para dar conta do roteiro adaptado por Gore Vidal e o então jovem aspirante a cineasta Francis Ford Coppola. Mesmo com essa duração, ficou difícil acomodar tantos personagens e histórias paralelas, protagonizadas por astros do cinema francês (Jean-Paul Belmondo, Alain Delon, Michel Piccoli, Charles Boyer, Yves Montand, e Jean-Louis Trintignantl) e de Hollywood (Kirk Douglas, Glenn Ford, Orson Welles e Anthony Perkins).

A estrutura do filme organiza diferentes núcleos, curiosamente todos eles falando francês, a partir da ordem dada por Hitler na iminência de ser corrido da França: mandar Paris pelos ares. Os alemães espalham explosivos por pontos estratégicos da Cidade Luz – incluindo símbolos como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre e a Catedral de Notre Dame. Na corrida contra o relógio, os aliados, liderados pelos generais Patton (Douglas) e Bradley (Ford) avançam. E os franceses engajados nas guerrilhas da resistência começam os enfrentamentos. O clímax é a batalha pelas ruas de Paris, a capitulação nazista e a triunfal marcha do general De Gaulle (ele próprio, em imagens de arquivo), o herói salvador da pátria.

Paris Está em Chamas? foi realizado em preto e branco a pedido do governo francês, prevendo ser cedo demais para sua população o reencontro com a suástica nazista estampada na bandeira vermelha e branca. Essa opção, no entanto, facilitou o uso de imagens de arquivo, que ilustram cenas de veracidade documental. Uma curiosidade: a reedição do filme em DVD, pela Lume, tirou o ponto de interrogação do título, alterando seu sentido – essa é a pergunta que um aflito Hitler faz a horas tantas.

Sobre a questão do colaboracionismo, em 1969 o diretor Marcel Ophüls lançou o documentário A Tristeza e a Piedade, que caiu como uma bomba na França. Embasado em depoimentos e documentos oficiais, Ophüls contrapôs à mitologia da resistência francesa aos nazistas histórias de omissão e conivência, inclusive na perseguição aos judeus. Ao tirar da sombra os compatriotas covardes, oportunistas e criminosos, Ophüls valorizou ainda mais os verdadeiros heróis.

 

 

ZERO HORA
Lume / Divulgação

Alain Delon é um dos protagonistas do elenco internacional de “Paris Está em Chamas?”
Foto:  Lume  /  Divulgação


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