Revolucionários. Selvagens. Dinossauros. Sobreviventes. As percepções sobre o que representa a entidade Rolling Stones mudaram ao longo destes 50 anos oficialmente completados hoje. Abarcam da gratidão e da cumplicidade dos fãs que tiveram clássicos da banda como trilha sonora na efervescência dos anos 1960 e 1970 ao interesse arqueológico da garotada em garimpar as preciosidades desse baú.

Em linha do tempo 3D, explore a história da banda:


Quatro gerações reconhecem que os discos fundamentais dos Stones foram gravados nos primeiros 10 destes 50 anos. E como então eles seguiram os outros 40 no topo como a maior banda de rock de todos os tempos? Esse feito resulta, lógico, da largada espetacular que fizeram ombro a ombro com o Beatles e da condução firme dos dois timoneiros que estavam a bordo quando o gigante zarpou: Mick Jagger e Keith Richards. Eles mantiveram a engrenagem girando em meio à disputa de egos, tragédias, riffs clássicos, escândalos e excessos que moldaram a mitologia da banda. Gravaram de meados dos anos 1970 para cá álbuns ótimos e medianos – nenhum vergonhoso – e seguiram na estrada com os espetáculos grandiosos dos quais foram os precursores.

Naquele 12 de julho de 1962, também uma quinta-feira, o show no Marquee Club, em Londres, ocorreu meio que de improviso. A banda que subiu ao palco como uma atração secundária havia sido recrutada às pressas. Também em cima da hora surgiu o nome de batismo, The Rolling Stones, dado por aquele que então mandava na turma: Brian Jones, um guitarrista branquelo de 20 anos apaixonado por blues. Jones, Jagger e Richards, estes com 18 anos, tinham em comum a adoração por Muddy Waters, Chuck Berry, Willie Dixon e Elmore James, entre outros ídolos da música negra americana que assinavam as 18 faixas do primeiro set list dos Stones. Completavam essa providencial formação Ian Stewart (piano), Dick Taylor (baixo) e Tony Chapman (bateria). O baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts ocupariam suas posições nas fotos oficiais nos meses seguintes – Stewart virou músico de apoio quando o empresário picareta que viu potencial nos garotos achou que seu visual não era adequado.

+ Rolling Stones
Revolucionários. Selvagens. Dinossauros. Sobreviventes.Nesta quinta, a estreia dos Rolling Stones completa 50 anos
Canções que ajudam a contar a trajetória dos Rolling Stones - Parte 1 (1963-1967)
Canções que ajudam a contar a trajetória dos Rolling Stones - Parte 2 (1968-1971)
Canções que ajudam a contar a trajetória dos Rolling Stones - Parte 3 (1972-2012)

Jagger nem deveria estar ali. Ele cantava regularmente na Blues Incorporated, a banda que deveria tocar no Marquee aquela noite, mas desistiu para se apresentar em um programa de jazz da BBC. Como tinha cachê na jogada, seus companheiros acharam que o cantor, numa apresentação basicamente instrumental, era dispensável. O rapaz de lábios carnudos já tinha prestígio nos clubes londrinos, por isso o cartaz do show trazia: "Mick Jagger and The Rolling Stones". O som poderoso que eles produziam reciclando a matriz dos veteranos ídolos americanos era algo nunca ouvido.

Jagger e Richards conseguiram manter rolando a banda que se transmutou em uma bilionária corporação. Juntos, escantearam Jones (que morreu afogado em sua piscina em 1969), fizeram o guitarrista substituto Mick Taylor pular fora e recrutaram aquele que melhor se encaixava na figura do bom coadjuvante, Ron Wood.

Onda punk, febre disco, furacão grunge. Nenhuma dessas ameaças causou dano aos Stones. Tampouco as rusgas entre Jagger e Richards. Diferentemente de Lennon e McCartney, que conseguiram ter vida longe um do outro e dos Beatles, esses não dão liga sozinhos. É uma sina. E garantia de que os Stones só terão fim quando um deles desistir ou morrer. E nenhum dos dois quer ser o vilão da história.

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