Todo mundo sabe que Neil Young é um coroa hippie que faz o que está a fim. Ele curte carrões antigos e cruza o mundo defendendo a sustentabilidade e a energia verde. Crítico da música digital por reduzir a qualidade do áudio, Young está trabalhando em um formato alternativo. Já na carreira, é anticomercial e exclui qualquer estratégia de planejamento. Dessa atitude, resulta uma trajetória imprevisível e, por isso mesmo, curiosa e atraente.

É assim que ele lança Americana, seu 34° disco de estúdio, sem contar os álbuns ao vivo, os EPs, os unplugged, as coletâneas e os álbuns das bandas Crosby, Stills Nash & Young ou Buffalo Springfield. Se tudo isso entrasse na conta, Young, 66 anos, estaria para além dos 80 discos.

Depois de lançar Fork in the Road (2009), sobre automóveis e combustíveis alternativos, e Le Noise (2010), um disco reflexivo e experimental, Young anunciou, no ano passado, que se reuniria com a Crazy Horse para lançar dois álbuns em 2012. Do primeiro, agora se sabe.

Americana marca o reencontro de Young com seus velhos amigos. Desde Greendale (2003), ele não se reunia com a banda que o acompanha des 1969 para cá em momentos intercalados, como nos importantes discos After the Gold Rush (1970) e Rust Never Sleeps. Do reencontro, só poderia resultar um disco fruto de uma junção de camaradas fazendo barulho.

Aguardado pelo material inédito que Young e a Crazy Horse apresentariam, Americana acabou se resumindo a releituras de canções tradicionais e folclóricas dos EUA, como Oh Susannah e Clementine. Mas, como se trata de Crazy Horse, o resultado é um som repleto de guitarras altas e distorções, com praticamente nenhuma preocupação quanto ao polimento na produção – daí o caráter um tanto garageiro e despreocupado que compromete maiores ambições do álbum.

Se o novo disco não alimenta os fãs que aguardam algo novo de Young – e da Crazy Horse –, o negócio é esperar pelo anunciado segundo disco para este ano – antecipado pela boataria de material inédito – e pela turnê, que começa em julho e segue até dezembro, mas ainda sem nenhuma previsão de datas no Brasil.

Neil Young & Crazy Horse - Americana
Reprise, 11 músicas, R$ 25 em média
Cotação: 2 de 5