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Itapema FM  | 06/06/2012 07h06min

"Cabeça Dinossauro ainda é um sucesso porque os temas que tratamos seguem os mesmos", diz Sergio Britto

Confira trechos da entrevista que o vocalista do Titãs concedeu a ZH

Vocalista e instrumentista dos Titãs desde o início, em 1982, Sérgio Britto deu voz a três das canções mais agressivas de Cabeça Dinossauro: o primeiro single, AA UU, a emblemática Polícia e Homem Primata.

Em entrevista por telefone, Britto rememorou os bastidores tensos do álbum, gravado logo após a prisão dos amigos e companheiros Arnaldo Antunes e Tony Bellotto, acusados de tráfico de heroína. E mesmo tendo sido lançado logo após o fim da ditadura militar, em 1986, o disco sofreu censura para não ser executado no rádio – o que acabou acontecendo do mesmo jeito –, mas foi incrivelmente bem aceito dentro da gravadora, que apoiou até a decisão de não usar uma foto da banda na capa, algo impensável na época.

Confira trechos da conversa:

A prisão
"Éramos muito jovens e inexperientes, em início de carreira, então a prisão do Arnaldo e do Tony foi um baque muito forte. Nós vínhamos de dois discos que, se não eram necessariamente um sucesso de vendas, pelo menos representavam um início de ciclo, algo a ser investido. E quando eles foram presos, pensamos 'Bom, agora acabou, não tem mais jeito'. Afinal, quem iria contratar uma banda com problemas com drogas? Em qual programa nós iríamos nos apresentar? Na época, isso era bem complicado, estávamos saindo de uma ditadura."

Disco temático
"Acho que havia uma necessidade nas pessoas de ouvir aquilo. Fomos ao encontro do inconsciente coletivo na época e fizemos um disco temático sem querer fazer. Ele era pesado, ácido e agressivo sem a gente ter planejado. Simplesmente, saiu daquele jeito e foi incrivelmente aceito. Falávamos contra as instituições que oprimiam todo mundo, família, Estado, igreja, polícia, dinheiro. Foi ousado, sem dúvida, mas não pensávamos nisso na época. Só queríamos falar aquilo, e aí deu certo, porque havia muita gente querendo ouvir. Música certa na hora certa."

A recepção
"O Branco (Mello) foi o que mais acreditou no Cabeça desde o início. Mas nem ele poderia prever o tamanho do sucesso de público e crítica que seria. São Paulo aceitou imediatamente, lotamos todas as casas onde fizemos os shows de lançamento. No Rio de Janeiro, foi mais difícil, o primeiro show da turnê, na Urca, levou umas 30 pessoas. Mas, um ano depois, literalmente destruímos o Teatro Carlos Gomes (risos), com um público de cariocas enlouquecidos. Aquilo nos deu muita força, dava vontade de chorar ao ver o pessoal cantando toda as nossas letras."

Censura e sucesso
"Bichos Escrotos foi proibida de ser gravada na época em que foi composta, entre 1981 e 1982, mas a gente tocava nos shows mesmo assim. Em 1986, nos deixaram gravar, mas ela não podia tocar nas rádios sob pena de multa. E qual não foi a nossa surpresa quando muitas rádios decidiram pagar a multa para poder tocar a música! Os pedidos dos ouvintes eram tantos que era preferível pagar a contrariar a audiência. Daí quase todo o disco virou hit, tocando direto em quase todas as emissoras. E fez isso sem ter sido pensado para esse fim, o que é mais incrível."

Longevidade
"Acho que o Cabeça continua a ser considerado referência e um sucesso porque os temas que tratamos na época ainda são os mesmos. A polícia ainda desce a porrada nas pessoas, por exemplo (risos). E a sonoridade dele é jovem sem ser juvenil, fazendo ele se comunicar bem tanto com um adolescente quanto com um adulto. O mesmo vale para a banda, que ainda canta essas músicas com a mesma intensidade e honestidade de quando foram feitas. Ainda acreditamos muito no que fizemos e continuamos a fazer."

ZERO HORA
Divulgação / Divulgação

Formação original dos Titãs, ainda com oito integrantes
Foto:  Divulgação  /  Divulgação


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