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Itapema FM  | 21/05/2012 15h13min

Em Cannes, o francês Alain Resnais explora a relação entre cinema e teatro

Resnais, que ganhou notoriedade em 1959 com "Hiroshima mon amour", continua a experimentar neste novo filme

O diretor Alain Resnais, 90 anos, um dos grandes cineastas do cinema francês, ofereceu nesta segunda-feira aos espectadores do Festival de Cinema de Cannes uma prova de seu grande amor pelo teatro e pelos atores com seu filme Vous n'avez encore rien vu (Você ainda não viu nada).

Resnais, que ganhou notoriedade em 1959 com Hiroshima mon amour, continua a experimentar neste novo filme, na competição pela Palma de Ouro, que é uma adaptação de duas obras do dramaturgo francês Jean Anouilh (1910-1987), Eurídice e Querido Antonio ou o amor falido.

— O que os terráqueos sabem sobre o que acontece na Terra, sobre o que nos acontece? Nós não podemos ver o ultravioleta ou o infravermelho. Não sabemos o que nos espera — disse Resnais, cujos temas recorrentes são a memória e a morte.

Resnais inventa neste filme um alter ego, o dramaturgo Antoine d'Anthac, interpretado por Denis Podalydès, ator da Comédie Française, que faz com que seus amigos acredites que está morto e pede, em seu testamento, que voltem a interpretar Eurídice.

O cineasta destacou o seu "grande afeto" pelos atores, pelo cinema e pelo teatro.
— Desde que eu era criança, ouço que o teatro é nobre e o cinema secundário. Nunca concordei com isso, sempre quis explorar o que é gêmeo nestas duas artes — afirmou.

— A iluminação do filme não é realista. Eu quis passar uma impressão de magia na imagem, que os atores entram em transe, como sonâmbulos — acrescentou.

Uma série de experientes atores franceses, entre eles Sabine Azema, Michel Piccoli, Pierre Arditi e Lambert Wilson, interpretam as obras de Anouilh, enquanto uma jovem companhia de teatro oferece uma encenação das mesmas obras.

Vários pares de atores interpretam o mito do amor infeliz de Orfeu e Eurídice através do texto Anouilh.

— Os filmes de Alain Resnais são todos diferentes, são aventuras emocionantes, há tanto estranheza quanto familiaridade — disse Pierre Arditi, que já atuou em vários de seus trabalhos.

— A obra cinematográfica de Alain Resnais é um país maravilhoso para onde todos os amantes do cinema gostariam de viajar. Esta filmagem foi uma grande oportunidade — declarou o ator Hypolite Girardot.

— Faço filmes como um artesão. Não tenho respostas sobre a morte. Eu teria gostado de ser um professor da Sorbonne para especular sobre o tema da memória e da morte. Desde o nascimento estamos condenados, isso sabemos imediatamente. Cada minuto nos coloca diante do inevitável — disse Resnais, rejeitando ser este filme seu testamento.

O cineasta recordou que começou a ver filmes ainda na época do cinema mudo. — Isso me influenciou muito. Estou preso aos fantasmas da memória — , disse.

Veja o trailer:



O sexto dia do Festival de Cinema de Cannes guardou nesta segunda-feira outros fortes destaques, como a exibição do filme Like someone in love (como alguém apaixonado) e 3, do uruguaio Pablo Stoll.

O filme de Kiarostami, filmado em Tóquio, com atores japoneses e competindo pela Palma de Ouro, conta a história de uma jovem estudante de sociologia que se prostitui.

3 é uma comédia agridoce do jovem diretor Pablo Stoll Ward, apresentado na seção paralela Quinzena, conta a história de Rudolph (Humberto Vega), que ao longo de dez anos tenta voltar para a casa de sua família.

O ponto de partida do filme é "o sonho de todos nós que temos pais divorciados", afirmou o cineasta uruguaio, em um café à beira-mar de Cannes, lotado desde domingo por causa da chuva, que causou, inclusive, o cancelamento da algumas projeções.

AFP
ANNE-CHRISTINE POUJOULAT / AFP

Alain Resnais, Sabine Azema e Pierre Arditi
Foto:  ANNE-CHRISTINE POUJOULAT  /  AFP


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