— Então é um não? — pergunta Anna Vitória. 

— É. Ene a o til, não — responde Fernanda Chamma.

É a manhã de quarta-feira, terceiro dia de seleção dos grupos inscritos para o 30º Festival de Dança de Joinville e o Conselho Artístico, responsável pela tarefa, está dividido em dois grupos nas salas de um hotel na zona Oeste de Joinville. Uma delas é onde Anna Vitória e Fernanda Chamma trocam o diálogo acima, enquanto avaliam os vídeos de sapateado ao lado de Andréa Bardawil, a terceira conselheira.

Na sala ao lado, o conselheiro João Wlamir vê os vídeos de balé com a jurada convidada Eliana Caminada. Juntos, eles têm a tarefa de assistir à 2.579 trabalhos até sexta-feira para selecionar cerca de 200 para as sete noites competitivas do Festival de Dança.

O trabalho começa com um "peneirada", por categorias. É nessa fase que ocorrem estes "nãos" dos conselheiros, mas nem sempre a negação será definitiva. Depois de checar todos os vídeos de uma modalidade, eles repassam os trabalhos e podem repescar alguns: tudo depende da qualidade dos trabalhos enviados. A terceira fase só acontece depois da seletiva do grupos joinvilenses, que ocorre ao vivo no fim de semana, no Teatro Juarez Machado.

— Não podemos selecionar todos os trabalhos sem saber como serão os trabalhos joinvilenses. Em danças urbanas, por exemplo, Joinville tem sempre muitos grupos — conta Fernanda.

Aliás, para auxiliar neste trabalho, outro jurado convidado vem a Joinville: o pioneiro do movimento hip-hop no Brasil, Marcelinho Back Spin. Ele chega na sexta-feira, quando Anna, Fernanda e Andréa já passaram para a segunda fase da avaliação da categoria, e auxilia no trabalho final. Na segunda-feira, eles fecham a minutagem e analisam a totalidade das noites.

— Precisamos pensar nos dois lados, tanto o competitivo quanto a noite como espetáculo para o público — afirma a conselheira.

Os destaques

Os espectadores do Festival de Dança já podem esperar bons números de dança contemporânea e conjunto de repertório avançado — é o que os Conselheiros podem adiantar até agora. Segundo Fernanda Chamma, o festival recebeu bons trabalhos de dança contemporânea na categoria avançado.

— Teremos muitos e bons trabalhos de solistas, principalmente masculinos. O meninos estão lindos este ano, tanto que estamos tentando pleitear mais vagas, para não deixar bons candidatos de fora — conta ela.

Depois que terminarem de avaliar os trabalhos de sapateado — que, aliás, está dando trabalho este ano e apenas sete ou oito números devem ser selecionados — o grupo passa para os trabalhos de jazz.

No caso de balé, Eliana Caminada afirma já ter visto anos melhores, especialmente para encontrar revelações.

— Mas isso é natural, muda muito. Afinal, não é todo ano que aparece uma Mayara Magri — afirma a jurada convidada, se referindo à carioca de 16 anos que recebeu o prêmio de Melhor Bailarina na 28ª edição do festival.

Para Eliana, que vem a Joinville desde 1998 e participou da formação do Conselho Artístico entre 2008 e 2009, a surpresa este ano está ficando por conta dos trabalhos de conjunto de repertório avançado.

A seleção desta edição não é diferente das seleções dos últimos anos, mas o rigor foi acentuado para garantir a escolha de bons trabalhos para todos os palcos. Os grupos escolhidos para os Palcos Abertos da 30ª edição, por exemplo, terão passado por uma avaliação ainda mais rigorosa que aquela feita na 29ª.

— Isso acontece porque teremos apresentações em outras cidades. Eles vão representar o festival fora de Joinville, por isso teremos um cuidado maior na escolha — diz Fernanda.

AGENDE-SE

O QUÊ: seletiva local do 30º Festival de Dança de Joinville.
QUANDO: dias 19 e 20, com sessões às 19 horas e às 20h30.
ONDE: Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos Cau Hansen (avenida José Vieira, 315, América).
QUANTO: ingressos à venda no Instituto Festival de Dança, 1º andar do Centreventos, por R$ 10 a sessão. Estudantes e idosos pagam meia-entrada. O Instituto funciona das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas.