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Itapema FM  | 14/05/2012 17h01min

Roxette lança álbum de inéditas com fôlego dos bons tempos

Per e Marie parecem mais relaxados ao longo das 15 faixas do novo disco

Fernando Corrêa  |  fernando.correa@zerohora.com.br

Reinventar-se não está em questão para o Roxette. Vinte anos depois dos tempos áureos, a fábrica de hits sueca ainda faz música pop respeitável – apesar dos percalços no caminho que trouxe a dupla até aqui.

Travelling repete o conceito de Tourism (1992), o último grande disco de Per Gessle e Marie Fredriksson: foi gravado em estúdios, passagens de som, shows e quartos de hotel, durante as recentes andanças da dupla pelo mundo. Em Roterdã, registraram a tocante It Must Have Been Love; no Rio de Janeiro, She's Got Nothing On (But the Radio) – single do disco Charm School, que marcou o retorno do duo às turnês em 2011.

Per e Marie estão mais relaxados. Ao menos é o que parece ao longo das 15 faixas de Travelling, a maioria inéditas, em que o talento de Gessle para compor música pop com referências tão variadas quanto bem escolhidas aparece intacto. Mas não dá para esquecer que os melhores momentos da banda ocorreram duas décadas atrás.

No início dos anos 1990, o Roxette já possuía hits para preencher um show inteiro. A apresentação em Porto Alegre, em maio de 1992, arrebatou milhares de adolescentes com hits como a roqueira Dressed for Success ou a balada Spending My Time, preferida para dançar juntinho.

Mas tudo passa, e o Roxette emplacava menos canções de sucesso conforme o século 20 chegava ao fim. Em 2002, Marie teve de remover às pressas um tumor maligno do cérebro. O prognóstico nada favorável – 5% de chances de sobreviver à doença – foi revertido: a vocalista curou-se e ainda conseguiu voltar a cantar. Se o retorno a Porto Alegre, no ano passado, mostrou que a voz não é mais a mesma, em Travelling, ela ainda emociona.

Segundo Per e Marie, foi o entusiasmo da turnê de Charm School o catalisador das canções inéditas e dos resgates do novo disco. Para Gessle, compor hinos pop parece ser uma atitude natural. A fórmula se torna repetitiva, mas algumas canções funcionam. How Do You Do!, de Tourism, é um hit dinâmico: o início chiclete atravessa uma mudança de tom e desemboca em um refrão explosivo.

Em Travelling, o conceito se repete na bonita abertura Me & You & Terry & Julie – folk sessentista no verso, pop oitentista no refrão – e no single It's Possible. Este ganhou duas versões diferentes, uma elétrica, outra acústica – nenhuma, porém, comparável aos sucessos do passado.

Há um encantamento inegável em ouvir parte do repertório, encerrado com a versão cortante de It Must Have Been Love. Os tempos são outros, e o risco maior é que Travelling passe sem ser notado. Mas seria justo se ocorresse o contrário.



Travelling
Roxette Pop. EMI.
R$ 29,90 (em média)

* CONFIRA A SEGUIR ALGUNS OUTROS DISCOS LANÇADOS RECENTEMENTE E QUE VALEM A PENA:

Love Revolution, de Inna Modja

Nascida em Mali e criada na França, Inna Modja passou boa parte da adolescência desfilando em semanas da moda pelo mundo. Nos raros momentos de folga, gostava de ficar em casa ouvindo os discos de música negra que seus pais colecionavam. Dessa mistura, saiu uma cantora afinada, com forte influência de R&B, funk e soul, mas de pegada pop, feita para competir de igual para igual com qualquer filhote de diva norte-americana ou britânica.

Bem produzidas, as faixas, às vezes, remetem a qualquer pista de dança (La Fille du Lido), outras poderiam tocar no intervalo de qualquer colégio particular (I Am Smiling), enquanto algumas contrastam com o mundo colorido que Inna gosta de pintar (Homeless, de acento country delicioso, e Spirit). Mas a maior parte é de números redondinhos para dançar a dois, como Ex-Girlfriend, Big Apple e French Cancan. Warner Music, 12 faixas, R$ 29,90.

California 37, do Train

O Train chega a seu sexto álbum de estúdio fazendo o que sabe melhor: reciclar o rock bom moço que dominou as FMs no final dos anos 1970 e seguiu pelos 1980. Sucessor do megaplatinado Save Me, San Francisco (2009), que continha o hit Hey, Soul Sister, o disco abre com uma homenagem ao Journey (possivelmente o maior inspirador do Train e que ganhou até citação) na faixa This'll Be my Year, um rock preguiçoso com letra autorreferente.

Dali para o restante do disco, nada muda, alterando baladas de acento country (Drive By, Bruises), arranjos de guitarras com metais (50 Ways to Say Goodbye), um pianinho choroso aqui (You Can Finally Meet My Mom), outro pianinho meloso acolá (When the Fog Rolls In) e, claro, um ukelele matreiro (Sing Together). O erro é quando saem disso e tentam soar moderninhos – por isso, evite a faixa-título.
Sony, 11 faixas, R$ 24,90.

With the Wild Crowd!, do The B-52's

Em fevereiro de 2011, Fred Schneider, Kate Pierson, Cindy Wilson e Keith Strickland se reuniram para comemorar 34 anos de carreira no lugar onde tudo começou: a cidadezinha de Athens, na Geórgia. Agora, um ano depois, chega o DVD. Mesmo que um tanto mais comportado no palco do que nos seus áureos tempos, o B-52's executa um show tecnicamente impecável – as gargantas de Kate e Fred parecem não sentir o efeito do passar dos anos (o contrário de Cindy...) –, enquanto a banda de apoio é vigorosa e tão empolgada quanto os protagonistas.

O set list, pinçado da colorida discografia do grupo, foi executado respeitando os arranjos originais para não atrapalhar o clima de baile da saudade. Destaque para as sempre catárticas Pump (que abre o show), Roam, Private Idaho e Rock Lobster (que fecha o show).
ST2, 17 faixas, R$ 29,90.

ZERO HORA
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