O ritual de preparação da professora de inglês Charlotte Pires, 23 anos, não é muito diferente da maioria das mulheres: ela escolhe um vestido, um par de sapatos, arruma os cabelos e faz a maquiagem.

Quando ela sai às ruas de Joinville, no entanto, tudo é diferente do que as pessoas que vivem em 2012 estão acostumadas a ver. Como se saída de um túnel do tempo, Charlotte usa vestido rodado, estampas de cerejas, cabelo Chanel, delineador gatinho e outros itens que foram moda entre os anos 1930 e 1960.

Essas referências incorporadas pela joinvilense serviram de inspiração para que os fotógrafos Max e Alana Schwoelk criassem a exposição fotográfica Pin Up, que abre nesta segunda à noite no D.O.C. Cozinha Contemporânea.

Max e Alana não conheciam Charlotte há um ano, quando conversaram sobre a ideia de produzir um ensaio fotográfico que remetesse ao estilo pin-up.

— Em 2005, eu viajei para a Alemanha e vi uma exposição com desenhos de pin-ups aplicados em placas metálicas. Nem eram modelos de verdade, mas desenhos antigos. Desde então, tenho essa vontade de fazer fotos de pin-up —, lembra Max.

O encontro com a modelo ocorreu sem planejar: um dia, assistindo ao show da banda Reino Fungi – onde já é tradição as fãs trajarem roupas vintage – o casal de fotógrafos viu Charlotte.

— Nós a achamos interessante, do jeito que ela se vestia, então resolvemos convidá-la para fazer as fotos —, conta Max.

Para Charlotte, o convite foi uma surpresa, mas não era inédito. Acostumada desde a adolescência a vestir-se com um estilo que estava nas revistas de moda décadas antes de ela nascer, Charlotte vive em meio a flashes de câmera: todos os looks que ela usa para sair são registrados em foto.

A influência no jeito de vestir veio da banda Reino Fungi, já que dois integrantes da banda são primos dela.

— Eu ia aos shows e via as meninas usando roupas anos 60, então comecei a fazer o mesmo. Primeiro, vieram os vestidos tradicionais, aqueles de bolinhas, mas à medida que fui me interessando mais por moda, comecei a querer roupas mais elaboradas —, diz ela.

Todas as roupas usadas para fazer as fotos da exposição são de Charlotte: ela afirma que, atualmente, cerca de 80% do guarda-roupa dela são formados por roupas feitas em costureira e compradas em brechós.

— As mais exuberantes eu uso para ir a shows, mas no dia a dia, sempre tento incorporar algum item. Minhas alunas adoram: elas acham coisa de princesa da Disney e começam a usar também —, conta, aos risos.

Pin-up

O termo “pin up” já não é mais considerado muito adequado por Charlotte, que prefere afirmar apenas que tem um estilo vintage.

— Pin-up não existe, é uma mulher idealizada —, lembra ela.

O conceito foi criado no início do século 20 e ficou popular nos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, com as obras do pintor peruano Alberto Vargas. Eram, inicialmente, retratos de belas mulheres.

Só depois surgiram as versões reais, com modelos que posavam no estilo “Vargas Girls”, geralmente em sugestões de nudez e poses sensuais. Elas foram chamadas de pin-ups porque suas fotos eram publicadas em calendários de parede e recortadas de revistas para serem pregadas em portas e paredes.

— Elas eram a ‘Playboy’ da época —, comenta Charlotte.

Ela usa como inspiração a moda do fim dos anos 30 aos anos 50 e as obras do artista Gil Elvgreen, que era mais preocupado em retratar a moda do que as mulheres em poses sensuais.

— A pin-up inspira a feminilidade, aquela coisa de ser arrumada e impecável. Eu acho que faço um resgate dessa época, com recorte contemporâneo. Quer dizer que não estou feliz com a moda atual, então vou buscar uma da qual eu goste —, define Charlotte.

Veja outras fotos e saiba mais sobre os fotógrafos, a modelo e o estilo Pin-up no Blog do Anexo.

SERVIÇO
O QUÊ: exposição fotográfica “Pin up”
QUANDO: abre nesta segunda, às 20 horas, com lançamento para convidados. De amanhã até 31 de julho, a partir das 19 horas.
ONDE: restaurante D.O.C. Cozinha Contemporânea, na rua Visconde de Taunay, 146, Centro.
QUANTO: gratuito.