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 | 06/04/2012 19h23min

Fernando Sapelli, de Brusque, é produtor de documentário com Fernando Meirelles

Radicado em São Paulo, catarinense fala da produção de um filme sobre refugiados

Cristiano Santos  |  cristiano.santos@santa.com.br

O brusquense Fernando Sapelli, 25 anos, é um dos produtores do documentário Exodus (www.exodusmovie.org) ao lado de nomes fortes do cinema nacional. Junto a Hank Levine ( indicado ao Oscar por Cidade de Deus e Lixo Extraordinário), Fernando Meirelles ( Cidade de Deus, Ensaio Sobre a Cegueira, O Jardineiro Fiel) e Andrea Barata Ribeiro ( À Deriva e Xingu, em cartaz em Blumenau), entre outros nomes, ele forma um esquadrão que pretende mostrar o cenário atual dos refugiados. A intenção é " seguir e costurar histórias verídicas de pessoas que, na busca pela sobrevivência, formam uma nova rede de deslocamentos a qual se estende por todos os continentes do mundo". De São Paulo, onde mora, por telefone, Fernando falou sobre o longa, os cursos de Cinema e Artes Dramáticas nos Estados Unidos e o trabalho em uma empresa de Leonardo DiCaprio.

Como você se transformou em produtor deste documentário?

O filme, na verdade, começou com o Hank Levine, que é um produtor alemão que já mora no Brasil há um bom tempo. Em 2008, ele foi para o Senegal acompanhar um grupo de imigrantes ilegais que estavam indo até a Espanha em um barco de pesca. Durante este documentário que ele estava fazendo, veio a ideia de fazer uma coisa maior, a nível global. Aí, ele acabou colocando o projeto de lado para fazer outros projetos. Eu voltei ao Brasil no começo de 2011, nos conhecemos, ele apresentou o projeto e fomos desenvolvendo a ideia, roteiro, fazendo muita pesquisa. E como eu já tinha uma relação com a 02 Filmes, a produtora acabou concordando em produzir o filme e, desde então, estamos com o documentário lá e estamos levando adiante. Estamos na fase de captação de recursos.

E como funciona essa fase de captação de recursos?

O filme foi aprovado pela Ancine, a Agência Nacional do Cinema, e essa captação pode vir via impostos das empresas. Elas podem escolher investir o dinheiro do imposto na produção. Agora vamos atrás de investidores.

O filme vai acompanhar a vida dessas pessoas por um tempo, é isso?

Existem vários relatos e documentários sobre refugiados, mas geralmente sobre imigrantes ilegais. E também depois que eles já fizeram a viagem, estão instalados em outros países, estão adaptados. É muito difícil conseguir achar alguma documentação sobre essa jornada, que explore o porquê de a pessoa estar saindo de seu país, por quê que ela quer se mudar. Infelizmente, existe um estigma em cima do termo. A gente quer mostrar que são poucos os que realmente querem sair de seu país. A gente quer acompanhar desde o começo, a pessoa planejando a viagem, os motivos, que podem ser econômicos, ecológicos. Existe uma definição do que é um refugiado, mas a gente quer mostrar que existem também razões além dessa definição. Para conseguir esse efeito maior, queremos acompanhar a vida delas por dois anos ou dois anos e meio, obviamente que não contínuo, mas pegar as etapas mais importantes.

Qual é a função exata de um produtor em um trabalho deste porte?

O produtor toca todo o projeto, no sentido de que ele está envolvido do começo ao fim. Ele pega a ideia, desenvolve, depois de bem elaborada, no Brasil, você vai atrás de investidores, tenta incentivos por lei, depois consegue esse investimento, começa a produção. Você acompanha todas as etapas, depois a finalização, distribuição e lançamento.

De onde vem seu desejo de fazer cinema?

Eu sempre soube que seria essa área. Eu lembro que estava em dúvida na época do vestibular entre Medicina ou Cinema (risos). Acabei optando pelo Cinema, fui aceito em uma universidade em Santa Barbara, na Califórnia ( EUA), e acabei indo. Eu me formei em duas faculdades. Foi uma em Novas Mídias e outra em Teatro.

Existe uma intenção de atuar ou sua posição é atrás das câmeras?

Eu fiz teatro como um complemento em cinema, até porque as duas artes têm muito em comum. Foi mais para aprender a perspectiva do ator, pra ter uma noção melhor. Estou direcionando minha carreira mesmo nessa parte de produção de filmes.

Seu currículo tem um dado curioso: você trabalhou na Appian Way, empresa de produção de Leonardo DiCaprio. Como foi a experiência?

Eu fiquei lá uns oito, nove meses. Era assistente dos produtores, eles mandavam todas as ideias, currículos pra nós, que era uma produtora pequena. Aí escolhia roteiros, encaminhava os melhores para a decisão final, o que merecia ser investido. O Leonardo DiCaprio aparecia uma ou duas vezes por semana.

De onde veio o interesse pelo foco social no cinema?

Eu sempre estive envolvido com trabalho voluntário, ONGs. Querendo ou não, especialmente lá (nos Estados Unidos), acaba sendo uma bolha, uma indústria difícil de se mudar. E eu também queria ver o outro lado da coisa, o que estava sendo feito fora daquele mundo. Foi aí que surgiu a ideia de documentar as ONGs (o projeto People of Change foi criado por Fernando em 2010), fui me envolvendo cada vez mais e acabei desenvolvendo um gosto pelo social. Obviamente que eu quero sempre conciliar os dois, ou seja, com a parte de ficção. Esse será sempre um aspecto que eu terei no meu trabalho.

JORNAL DE SANTA CATARINA
Autorretrato / Divulgação

Fernando está na fase de captação de recursos para o longa-metragem
Foto:  Autorretrato  /  Divulgação


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