| 26/03/2012 06h10min
O mais emocionante parabéns a Porto Alegre foi cantado na noite de sábado. Não foi exatamente um parabéns, já que a letra e a melodia eram outras: comandado pela cantora Maria Rita, um coro de milhares de vozes cantou clássicos da MPB imortalizados no repertório de uma porto-alegrense, Elis Regina. A homenagem de filha para mãe era o ponto alto da comemoração dos 240 anos da cidade, completados hoje.
No dia anterior, na sexta, Maria Rita confidenciara ao secretário municipal de Cultura, Sergius Gonzaga, que estava tensa e emocionada por estrear a turnê nacional do projeto Viva Elis, patrocinado pela Nívea, na Capital.
— Senti que havia uma coisa mágica, uma relação quase mítica com a cidade de sua mãe — contou o secretário, comemorando a coincidência que permitiu à prefeitura trazer este show para a Semana de Porto Alegre.
Não à toa, ao subir ao palco, pouco depois das 18h, e emendar três canções (Imagem, Arrastão e Como Nossos Pais), Maria Rita dirigiu-se à plateia para falar dessa emoção:
— Muitíssimo obrigada pela presença de cada um de vocês neste início de turnê que eu também tanto esperava, com uma grande emoção e uma grande responsabilidade por estrear na terra de minha mãe.
E logo em seguida:
— Ela (Elis) é a maior cantora do Brasil graças a vocês.
O público fez sua parte: cerca de 60 mil pessoas lotaram o Anfiteatro Pôr do Sol à espera de Maria Rita — houve quem tenha chegado lá às 9h para estar o mais próximo possível da cantora, levado cartazes homenageando Elis e sua filha, ou vestido camisetas customizadas especialmente para a ocasião. Caso do estudante Wesley Mesquita, 19 anos, do fã-clube Portal Maria Rita, que veio de São Paulo especialmente para assistir ao show:
— Conheci a Elis através da Maria Rita. Via tanto falar dela como a “filha de Elis”, que acabei me interessando.
Esta era a intenção da cantora ao se unir ao irmão João Marcello Bôscoli neste projeto: relembrar a obra da mãe ao lado de fãs de Elis e apresentar às novas gerações a grande cantora, que morreu há 30 anos. Para isso, apostou em um repertório que misturava músicas menos conhecidas de Elis com grandes hits. O público escutou, reverente, canções como Imagem, Vida de Bailarina, Bolero de Satã e Menino, e cantou junto, animado, Águas de Março (com direito a bolhas de sabão disparadas do palco e da plateia), Saudosa Maloca (com balões azuis subindo ao céu), Me Deixas Louca e Alô Alô Marciano. O coro se fez ainda mais alto em O Bêbado e a Equilibrista, quando Maria Rita lembrou como a mãe emprestou sua voz a canções como esta, em defesa dos direitos civis em tempos de ditadura. Então, foi interrompida pelo público com palmas e gritos de “Elis”, que a filha recebeu no palco, de braços abertos.
Ao anunciar que o show estava chegando ao final com uma sequência de músicas de autoria de Milton Nascimento (que culminaria em uma vibrante interpretação de Maria Maria, que levantou os espectadores), Maria Rita ouviu o público dizer “não” em coro.
– É muito emocionante estar aqui cantando para vocês. Muitos dos que estão aqui viram tudo começar – devolveu ela.
E se até então o show oscilara entre momentos de grande comoção popular com os maiores hits e outros mais contidos, diante das músicas menos icônicas, o bis se mostrou o ponto alto. Maria Rita voltou para cantar, de olhos marejados, a imprescindível Fascinação, que emendou com uma grata surpresa, a bela Romaria, que não estava no set list oficial. Então, fez todos dançarem com Madalena e encerrou a apresentação com uma música cujo título se encaixava perfeitamente ao propósito do projeto, Redescobrir.
Ao fim, a dona de casa Marta Ambrosini, 56 anos, que nunca teve a chance de ver Elis no palco, comentou com o marido e as filhas:
– A Pimentinha deve ter baixado por aqui.
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ZERO HORA
Maria Rita apresentou canções de Elis Regina no Anfiteatro Pôr do Sol
Foto:
Adriana Franciosi
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