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 | 17/12/2011 14h10min

O sucesso de "O Palhaço" consagra Selton Mello como o ator que definiu a cara do homem brasileiro na tela

Ator receberá mostra em sua homenagem em São Paulo

Há uma geração de atores muito talentosos que deu cara ao cinema brasileiro da fase conhecida como Retomada. Recapitulando - as medidas do governo Collor praticamente tiraram o cinema do País do mapa, Carla Camurati reinventou-o com Carlota Joaquina e a história recomeçou. Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Wagner Moura, Lázaro Ramos, João Miguel, Rodrigo Santoro e agora (já uma outra geração?) Cauã Reymond. Cada um, à sua maneira, contribui para o diálogo dos filmes brasileiros com o público. Vários dirigem, além de atuar, mas pela persistência - pela quantidade dos filmes e qualidade das interpretações -, não há exagero em dizer que Selton definiu a cara do homem brasileiro na tela, nos últimos anos.

O próprio Selton estará no sábado em São Paulo para prestigiar a abertura do evento que começa no Cinespaço Square, na Granja Vianna. A Semana Selton Mello - Ator e Diretor terá seu ponto de partida às 11h30 e ele estará no local, para se encontrar com o público das primeiras sessões - gratuitas - de O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, e de outros dois filmes que dirigiu, Feliz Natal e O Palhaço. O segundo marca um salto na evolução de Selton. Ganhou o prêmio de direção da APCA, Associação Paulista dos Críticos de Artes e está batendo na marca de 1,3 milhão de espectadores. A dupla vitória, de público e crítica, consagra um filme que nasceu com a vocação de criar a terceira via para o cinema brasileiro. No set de Billi Pig, de José Eduardo Belmonte, Selton havia sido enfático

- Não podemos ficar à mercê de filmes muito autorais que não dialogam com o público e outros sem nenhuma reflexão que só querem fazer bilheteria a qualquer custo.

Mineiro de Passos, Selton Mello completa 40 anos em 2012. Desde os 8 - há mais de 30 anos, portanto -, ele tem estado frente às câmeras, primeiro as de TV. Fez novelas e minisséries. A Próxima Vítima, Comédia da Vida Privada, O Auto da Compadecida, A Invenção do Brasil, Os Maias. No cinema, O Que É Isso, Companheiro?, Lavoura Arcaica, Lisbela e o Prisioneiro, O Cheiro do Ralo, Meu Nome Não ê Johnny, A Mulher Invisível, Jean Charles, Lope.

Fala mansa, gestos contidos, é raro o papel em que Selton Mello sinta necessidade de extravasar. Não é um ator que precise gritar nem gesticular muito para expressar o turbilhão de emoções de seus personagens. O Chicó da "Compadecida", o Leléu de Lisbela e o Prisioneiro, o Lourenço de Cheiro do Ralo, Jean Charles - Selton passa com naturalidade pelos mais diferentes papéis. Trabalhar a voz é uma coisa que sabe fazer bem, inclusive porque foi dublador. A voz acrescenta-se, como ferramenta, à fisicalidade dos personagens e isso vale também para o diretor, em sua relação com o elenco.

Selton dirige bem atores - que o digam Darlene Glória, em sua rentrée em Feliz Natal, e Paulo José, como o velho clown de O Palhaço. O filme é sobre esse personagem em crise de vocação, que se indaga sobre se o que faz é realmente o que deseja. Talvez seja o segredo de Selton Mello, como ator e diretor. Cada filme é uma aventura em busca da (re)descoberta. O Palhaço difere de Feliz Natal.

– Muita gente achou que aquele era meu estilo de fazer cinema, mas não era. Meu estilo se adapta às histórias que quero contar.

Sobre o sucesso, ele é definitivo

- O importante é o novo paradigma. Um filme pode fazer sucesso de público e ser reflexivo e autoral ao mesmo tempo.

Agência Estado
Imagem Filmes, Divulgação / 

"O Palhaço" levou mais de 1 milhão de expectadores aos cinemas brasileiros
Foto:  Imagem Filmes, Divulgação


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