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 | 21/09/2011 08h29min

Conurb lança em Joinville campanha para garantir travessia mais segura na faixa

Pedestre deve estender o braço para que o motorista pare e dê a preferência

Gisele Krama  |  gisele.krama@an.com.br

Atravessar as ruas pode ser uma aventura para os pedestres em Joinville, mesmo na faixa de segurança. A estatística mostra que nos últimos dez anos, 289 pessoas morreram atropeladas na cidade.

Assista ao vídeo com pedestres mostrando que "falar com a mão" faz diferença

Dois casos de atropelamento sobre a faixa de segurança registrados no intervalo de cinco dias, em julho, fizeram a Conurb planejar uma campanha educativa, que será lançada nesta quarta: “Pedestre, fale com a sua mão”.

MURAL: o que você acha do trânsito de Joinville?

O simples gesto alerta os motoristas de que há alguém querendo atravessar e garante uma passagem tranquila e, principalmente, segura para quem anda pela cidade. Isso porque nem sempre a faixa de segurança garante a travessia para o outro lado, mesmo que a lei determine a preferência para quem está a pé.

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A parada do carro antes da faixa para que alguém atravesse pode fazer com que o trânsito seja mais seguro e ninguém saia prejudicado. É assim que pensa o empresário e motorista Frank Bock, 24 anos.

Ele aprendeu a seguir rigorosamente as leis de trânsito quando começou a dirigir, na Alemanha, aos 16 anos. À época, conseguiu compreender que cumprir as regras não é só algo para si, mas também um benefício coletivo.

— Isso fica registrado na cabeça. Também porque lá as multas são muito pesadas —, recorda.

Quando veio para Joinville, há três anos, ficou assustado com o cenário que encontrou. Os carros não paravam na faixa, o pedestre atravessava no sinal vermelho e os carros trocavam de pista sem dar sinal.

— Eles não obedecem às leis. Não pensam nos outros —, lamenta.

Esse “pensar nos outros” garantiu que o consultor Luiz da Silva Ramos, 43 anos, pudesse passar na faixa da rua Quinze de Novembro na tarde desta terça. Frank parou o carro para que Luiz pudesse atravessar.

Diariamente, o consultor anda pelo Centro e ainda sente dificuldade para caminhar sobre a faixa. Em geral, ele aguarda até que algum carro pare. Para alertar os motoristas, na tarde desta terça Luiz começou a erguer a mão, assim como diz a campanha da Conurb. O resultado, no primeiro momento, foi positivo e ele pôde continuar sua jornada em meio ao trânsito de Joinville.

De olho nos motociclistas

Nericy Gill Alves, 78 anos, e o marido Ulisses Alves, 82, se consideram um casal de sorte. Por causa da idade, eles recebem a compreensão dos motoristas, que param quando os dois tentam atravessar a rua.

Mas, apesar desta “sorte”, há uma preocupação que sempre tira a tranquilidade dos dois na hora de passar pela faixa: os motociclistas. Segundo Ulisses, às vezes as motos passam pelo meio dos carros parados e os motoqueiros não veem que há pedestres passando. O resultado destes segundos de desatenção pode ser um atropelamento.

Para conseguir uma travessia segura para a mulher, Ulisses não mede esforços para chamar a atenção dos motoristas. Ergue a mão, acena com a cabeça e até agradece. Tudo para que passear pelas ruas e fazer diariamente os mesmos caminhos não ofereçam riscos.

Muita atenção por causa da filha

Laura Kalbusch Bernardi, dois anos, nem imagina ou entende que causou uma transformação nos hábitos dos pais. Por causa da filha, Tiago Bernardi, 32 anos, e a esposa, Andreza Kalbusch, 33, tornaram-se mais cautelosos ao atravessar a rua.

Como costumam ir a pé a vários lugares, a caminhada se torna um problema quando levam o carrinho de bebê ou a motinho da menina. O andar mais lento, agora por causa da criança, nem sempre é compreendido pelos motoristas.

Mas Andreza percebe que nos últimos anos a situação melhorou.

— As pessoas estão mais educadas —, diz.

Mesmo assim, não abre mão de aguardar, olhar para os dois lados em busca de segurança e só então atravessar.

— Depois que se tem filho, a gente cuida bem mais que antes —, comenta.

Na tarde desta terça, o casal não teve problemas para atravessar com a criança pela rua Quinze de Novembro. Os carros pararam e Laura pôde caminhar tranquila pelas faixas brancas da rua.

Cuidados ao atravessar

A auxiliar de produção Ivonete Duarte, 40 anos, apesar de ter carro, costuma ir a pé ao supermercado e à padaria. Quando faz esses trajetos, ela passa por maus momentos nas travessias em faixas de pedestre. Na rua Santa Catarina, por exemplo, é preciso aguardar a boa vontade dos motoristas.

Mas terça, levando o carrinho de compras, Ivonete mostrou que a campanha “Pedestre, fale com a sua mão” tem tudo para pegar. Ela ergueu o braço e os veículos não demoraram a parar. Chegar ao outro lado da rua nunca foi tão fácil depois deste pequeno gesto.

A mesma situação foi notada pelo cabeleireiro João Manoel Afonso Neto, 33 anos. Ele anda bastante a pé e de bicicleta e enfrenta o caos do trânsito quase todos os dias.

João já chegou a ficar mais de dez minutos parado, ao lado da rua, aguardando até que os carros o deixassem passar.

— Mas ultimamente não levo tanto tempo —, conta.

Ao erguer a mão e mostrar intenção de atravessar, a resposta foi rápida terça. Os motoristas prontamente deixaram o cabeleireiro continuar o caminho dele.

Já para o empresário Márcio Guilherme Kersten, 43 anos, a consideração com o pedestre está longe do ideal.

— Ainda falta respeito tanto por parte dos motoristas quanto dos pedestres e é algo que não muda de uma hora para outra. É preciso um trabalho mais intenso de educação no trânsito —, acredita

Cleber Gomes / Agencia RBS

Tiago e Andreza são ainda mais cautelosos na hora de atravessar quando estão com a filha Laura
Foto:  Cleber Gomes  /  Agencia RBS


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