O aposentado Agnaldo dos Santos, de 43 anos, tem um problema na coluna que o obriga a andar a passos miúdos, com ajuda de uma bengala. Atravessar a rua Monsenhor Gercino perto do terminal do Itaum, na zona Sul de Joinville, onde ele mora, não é tarefa fácil. Além das faixas de segurança apagadas e da falta de semáforo para pedestres, o trecho tem um tráfego intenso que mistura carros, motos, pedestres, ciclistas, o vaivém dos ônibus e até trem.

— Já escapei de muito acidente e já vi muita tragédia por aqui. Se precisar correr, não posso. Tenho que ir levantando a mão, pedindo passagem, confiando na sorte. Volta e meia tem motorista que xinga, o trânsito aqui é perigoso —, dizia o aposentado, enquanto outra pedestre, Cleide Marcondez, corria para atressar com as duas filhas num carrinho de bebê.

LISTA: RUAS ONDE MAIS OCORRERAM ATROPELAMENTOS

A preocupação deles faz sentido. Uma das principais vias da zona Sul, sinuosa e com cerca de dez quilômetros, a Monsenhor Gercino encabeça uma lista de 50 ruas com o maior número de atropelamentos este ano em Joinville. Foram 96 ocorrências, segundo levantamento da Companhia de Urbanização (Conurb) feito de janeiro a agosto. Na cidade toda, foram 1.292 atropelamentos no mesmo período.

O problema é um alerta para a Semana Nacional do Trânsito, que começa neste domnigo e vai até o próximo domingo e que tem como foco, em Joinville, a conscientização de pedestres na hora de atravessar uma via e a necessidade de os motoristas respeitá-los.

Para os órgãos de trânsito, a estatística de atropelamentos aliada ao fato de a cidade ter atingido uma frota de 300 mil veículos este mês é motivo de preocupação. A análise dos número de atropelamentos da Conurb mostra que a zona Sul, onde fica a Monsenhor Gercino, tem a maioria das ruas com mais atropelamentos (38%). Além da Monsenhor, as ruas Santa Catarina, Guanabara e Florianópolis alavancam o ranking.

As vias mais extensas e principais, em meio a bairros populosos – o que aumenta o perigo –, predominam na lista, como a própria Dona Francisca, que tem 12 quilômetros, ou a avenida Santos Dummont, com oito quilômetros. Uma exceção fica por conta da região do Costa e Silva. Apesar de ser densamente habitada e com ruas de movimento, vias como a Inambu e a Marquês de Olinda têm poucas ocorrências. Outra curiosidade é a rua Santo Agostinho, no Guanabara, zona Sul. Com 600 metros de extensão e 19 atropelamentos, ela tem a maior densidade de casos por quilômetros (28,4). A rua Iririú, na zona Leste, tem 23,9 atropelamento por quilômetro. E a avenida Getúlio Vargas, na região Central, fica em terceiro (15,2).

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