| 04/08/2011 09h36min
A interdição da Casa da Cultura Fausto Rocha Jr., na manhã de terça-feira, não é um caso isolado entre as unidades da Fundação Cultural de Joinville (FCJ). Pelo menos nove construções que abrigam a cultura da cidade esperam por reparos ou grandes reformas.
Toda vez que os prédios sofrem com as ações do tempo – caso da Estação da Memória e da Biblioteca Municipal – acende um sinal de alerta para os cuidados que estão sendo tomados com esses locais.
Na opinião do diretor executivo da FCJ, Charles Narloch, um dos problemas é a demora em estudar, analisar, elaborar projetos e colocá-los em prática.
— Há muita burocracia, principalmente se envolverem restaurações de patrimônio. É preciso respeitar as etapas de uma restauração e, antes disso, deve-se aprovar o projeto e, em alguns casos, captar recursos. Tudo leva tempo.
Segundo Narloch, que há oito anos faz parte do quadro administrativo da FCJ, nenhum prédio ficou abandonado, reparos foram feitos, mas ainda é preciso acelerar os processos para que não aconteça o que está ocorrendo hoje.
— O poder público tem de encaminhar e ser mais ágil porque o patrimônio não espera. Temos de trabalhar mais do que já estamos, porque as ações do tempo nos edifícios são rápidas —, destaca ele, lembrando que pequenas obras de manutenção sempre foram feitas.
Segundo ele, um item que pode ter prejudicado um pouco a busca de recursos junto ao governo federal é a pendência por causa das obras do Centreventos. Por dez anos, a Fundação Cultural ficou inadimplente no Ministério da Cultura. Isso porque, depois da entrega da obra, a comissão de fiscalização do projeto não liberou os trabalhos e novos reparos tiveram de ser feitos. Neste período, não era possível prestar contas ao ministério, já que todo o trabalho foi feito com recursos da Lei Rouanet.
— Não é um fato agravante, mas neste tempo todo a Fundação só podia contar com recursos da Prefeitura e alguma coisa que vinha do Estado. Mas obras com orçamentos grandes, que é o caso de quase todas as de restauração, não cabem no teto do orçamento que pode ser enviado ao Estado —, afirma Narloch.
Provisório vira permanente
Entre as situações mais graves, como a da Casa da Cultura, está o Museu Casa Fritz Alt, fechado em março do ano passado. O imóvel, que serve de abrigo para o legado do escultor alemão, não passava por reformas desde 1991. A fragilidade da casa ficou ainda mais evidente no período das chuvas, que agravou a situação estrutural da construção da década de 1920 e levou à interdição total do museu.
Problemas não menos graves são encontrados também no Museu de Imigração e Colonização, Museu de Arte de Joinville, Cidadela Cultural Antarctica, Casa Krüger e Cemitério do Imigrante. A direção executiva da FCJ apresentou uma série de projetos que estão em andamento ou à espera de recursos para atender às unidades. (Confira lista).
Como se trata, na maioria dos casos, de construções históricas e protegidas por leis de patrimônio, a intervenção se torna mais delicada.
— Mesmo com a interdição da Casa da Cultura, não vamos deixar de lado as outras unidades —, garante Charles Narloch, diretor executivo da FCJ.
O orçamento previsto para a cultura em 2010 chegou perto dos 2% do orçamento total da Prefeitura. Mas Narloch explica que nem sempre essa previsão se concretiza.
Antecipação das reformas
Segundo ele, a Prefeitura não tem recursos para manter sozinha todos os prédios. A opinião é a mesma do diretor-presidente da Fundação, Silvestre Ferreira.
— O que está acontecendo é uma antecipação do que já estávamos fazendo. Já tínhamos um projeto executivo da Casa da Cultura com encaminhamentos para leis de incentivo, só que a interdição acabou vindo antes —, diz o diretor.
Confirme Silvestre, uma das coisas que contribuem para tantos prédios em mau estado de conservação é a cultura dos governos no Brasil de não investir em manutenção.
— Parte da culpa está em priorizarmos coisas mais urgentes do que as manutenções. Acabamos sofrendo com nossa própria decisão de não manter.
Sem lugar para atender aos alunos
A decisão da Vigilância Sanitária pelo fechamento da Casa da Cultura, na terça-feira, pegou a Fundação Cultural de Joinville de surpresa.
— Acatamos a decisão e vamos buscar alternativas para o problema —, avalia diretor executivo da FCJ, Charles Narloch.
As coordenações das três escolas – Escola Municipal de Ballet, Escola de Música Villa-Lobos e Escola de Artes Fritz Alt – já estão em busca de espaços alternativos para transferir as aulas enquanto a Casa da Cultura passar pela intervenção.
— Não existe um espaço que consiga abrigar todas as atividades —, admite o diretor executivo.
A solução é distribuir as escolas em espaços alternativos.
Ainda neste ano, reformas estavam previstas para a unidade de ensino, mas que, segundo Narloch, não davam conta de todas as exigências apontadas pela Vigilância Sanitária. No entanto, já havia um projeto, em finalização, que conta com a reforma total dos espaços e a ampliação de mais um bloco.
— O orçamento é de R$ 1,5 milhão, mas a fundação ainda não dispõe destes recursos —, relata o diretor.
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