| 19/06/2011 18h09min
É impossível falar com Dirceu Campos, 40 anos, sem que ele esboce algo sobre o seu tema preferido. Paulista - de nascença e apelido - e morador de Joinville há 12 anos, ele se interessa desde pequeno por objetos que, para muitos, não passam de descartes. Dirceu até se arrisca a afirmar que tem um dos maiores antiquários do País em casa. Mas reclama por não poder viver apenas da venda dessas peças antigas.
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A paixão pode ser facilmente confundida, principalmente para quem visita o comércio do Paulista pela primeira vez. No sobrado, localizado no bairro Fátima, o primeiro piso é tomado de móveis usados. Só se entende o gosto por peças antigas quando se é convidado a subir ao piso superior, onde ele vive com a mulher Lilian e a filha Ane.
Cada espaço da casa de dois quartos, sala, cozinha e dispensa é disputado.
A mobília se confunde propositalmente com os objetos antigos, a maioria da década de 1950. O que não serve apenas como decoração fica em pleno uso da família. Geladeiras, mesas, guarda-roupas e rádios ainda funcionam como novos, não importa a idade ou tecnologia. Dirceu se gaba por fazer tudo funcionar como antigamente.
— Aprendi a consertar de tudo, descobrindo o funcionamento das coisas. Essa é a diferença das peças que tenho aqui das que estão no museu. As minhas ainda têm serventia —, garante o colecionador.
As inúmeras peças foram sendo colecionadas em viagens. Antes de se mudar para Joinville, o comerciante conta ter passado por 378 cidades brasileiras, fora os países da América Latina.
— O Uruguai é ótimo para comprar objetos antigos —, destaca Paulista, que reconhece que Joinville também é uma boa fonte para alimentar a sua coleção.
— Aqui é bom para comprar, mas péssimo para vender —, reclama.
Apesar de conviver diariamente com elas, Dirceu não se apega às peças, e qualquer antiguidade de sua casa está à venda.
— Todo o meu patrimônio está investido em móveis e objetos antigos —, conta.
A garantia dada ao comprador é de que elas não ficaram apenas acumulando pó à espera de um dono.
Os valores é que podem não agradar. Dirceu é enfático ao colocar preços na coleção. Algumas peças podem chegar até 16 mil.
— Tem coisa aqui que não se encontra mais em lugar nenhum —, justifica.
— É uma pena que tenha que me desfazer delas.
O antigo toma conta
Pelo menos uma vez por semana, Dirceu precisa colocar todos os relógios e cucos para funcionar. É o dia em que a casa é invadida pelo som de sinetas e o piar dos passarinhos. Já os vinis também são postos para tocar diariamente em vitrolas ou gramofones, tão ao mais antigos que os bolachões.
Os preferidos são os vinis da Jovem Guarda, principalmente de Claudio Roberto, seu ídolo em especial.
Bicicletas, móveis Luiz 15, louças, eletrodomésticos com mais de 50, 60 anos. Tudo vira objeto útil nas mãos da família. Até a máquina de lavar ainda é do tempo em que eram fabricadas em porcelana e a geladeira é do primeiro modelo produzido pela Consul.
Por acumular as peças em sua residência, Dirceu prefere receber apenas os interessados em adquirir as antiguidades.
— Não abro as portas para quem quer apenas conhecer —, enfatiza.
Dirceu até se arrisca a afirmar que tem um dos maiores antiquários do País em casa
Foto:
Claudia Baartsch
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