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Itapema FM  | 12/04/2011 07h58min

Roxette traz a Porto Alegre o pop dançante que embalou os anos 1990

Dezenove anos quase completos separam o show que o Roxette vai apresentar em Porto Alegre hoje da primeira visita do duo sueco à cidade, em maio de 1992. Não é um intervalo de tempo qualquer – é como se aquela ocasião pertencesse a outra era, na qual o sucesso de um artista ainda podia ser medido pelo número de álbuns vendidos.

> Veja os detalhes do show

Nesse quesito, a cantora Marie Fredriksson e o guitarrista e compositor Per Gessle não podiam se queixar: no início dos anos 1990, o Roxette figurava entre os principais nomes do pop mundial, graças a hits como The Look, Dressed for Success, Listen to Your Heart, Joyride e It Must Have Been Love – lançados nos álbuns Look Sharp! (1988) e Joyride (1991), que conquistaram discos de platina em diferentes países, com vendagens contadas aos milhões.

O Roxette que volta a Porto Alegre vive uma fase de renascimento. Chegou a parar durante os anos 2000, devido a problemas de saúde de Marie, que teve de enfrentar cirurgia para a retirada de um tumor cerebral em 2002. Sete anos depois, ela e Gessle voltaram a dividir o palco, fizeram mais alguns shows em 2010 e, agora, confirmam o retorno do Roxette com o recém-lançado álbum Charm School, fiel às virtudes melódicas e dançantes que deram fama ao grupo.

Gessle falou sobre tudo isso a ZH, por telefone, em plena turnê pelo Leste Europeu, entre shows na Ucrânia e em Belarus. Empolgado com o retorno, o guitarrista de 52 anos – mesma idade de Marie – lembrou da noite em que o Roxette tocou na Capital e analisou o sucesso da banda, que segue na estrada – depois da América do Sul, a escala seguinte é a África do Sul, em maio, de onde o grupo segue para Emirados Árabes, Turquia, Grécia, Bulgária e mais territórios europeus. Confira os principais trechos da conversa:

Zero Hora – O que vocês lembram do show em Porto Alegre em 1992?

Per Gessle – Lembro que foi em um lugar coberto e redondo (o ginásio Gigantinho). As pessoas estavam malucas, foi bem divertido. Particularmente naquela noite, nosso guitarrista teve uns problemas de estômago e precisou sair do palco para vomitar algumas vezes (risos). Era nossa primeira vez na América do Sul, foi alucinante. Fomos para tocar em lugares para 5 mil ou 6 mil pessoas e acabamos fazendo shows em estádios.

ZH – É diferente tocar no Brasil, ou nos EUA ou na Ucrânia?

Gessle – Quanto mais ao sul na Europa, como na Espanha, as pessoas são mais emocionais. Quanto mais ao norte, ficam sentadas, não sabem muito como se comportar. E, na América do Sul, fazem uma grande festa. Do nosso ponto de vista, especialmente com o tipo de música que fazemos, é recompensador encontrar uma plateia ativa, com pessoas cantando junto.

ZH – E qual é o estado de espírito de vocês agora, depois de um novo álbum e da volta à estrada?

Gessle – Se você me perguntasse há cinco ou seis anos se haveria Roxette novamente, eu diria que não. Marie estava muito doente, só tinha 5% de chances de sobreviver. Alguns meses depois da primeira cirurgia dela, não conseguia nem falar. Em 2009, eu estava em turnê pela Europa para divulgar um disco solo, Party Crasher. Em Amsterdã, Marie e sua família apareceram para dar oi e eu perguntei se ela queria se juntar a mim no palco. Ela topou. Cantamos The Look e It Must Have Been Love e a resposta da plateia foi sensacional, tinha gente chorando. Ali eu percebi que ela gostaria de voltar. Semanas depois, ela me perguntou se eu não gostaria de compor um novo disco do Roxette. Para mim, depois de tudo pelo que Marie passou, estar em turnê novamente com a banda é algo sensacional, difícil até de explicar.

ZH – As canções do Roxette são marcantes. Como você costuma compor? O que pode servir de inspiração para uma canção?

Gessle – Hoje, minha tendência é escrever menos músicas do que antes. Quando estou no clima, sento ao piano, no sintetizador ou com o violão e fico brincando até que apareça algo interessante. Aí gravo no iPhone ou no gravador. Quando dá vontade de escrever mesmo, dou uma ouvida no que vinha gravando e tento combinar as diferentes ideias. No Charm School, por exemplo, tem uma música chamada Sitting on Top of the World, cujo refrão foi escrito nos anos 1980. Only When I Dream escrevi para o disco Have a Nice Day (de 1999), nos anos 1990, mas não disse a ninguém. Fiz uma nova demo da música e ninguém da banda lembrava, mas eu tinha tocado a música para eles ali por 1997 ou 1998. Tenho um grande arquivo de ideias guardadas ao longo dos anos. Tenho amigos que também compõem, e eles vão para o estúdio e passam seis ou sete horas por dia criando músicas. Eu não consigo fazer isso. Passo, talvez, uns 10 minutos por mês criando. Spending my Time e Joyride foram escritas no mesmo dia, há muitos anos. É como funciono: quando a coisa engrena, nada pode parar.

ZH – Vocês vão tocar mais coisas novas ou os sucessos?

Gessle – Basicamente, é um show de sucessos. Claro que temos que tocar as músicas mais famosas. Mas também tocaremos algumas do novo disco, e ainda temos algumas surpresas. Mas a maioria é composta pelos hits, pelas músicas que as pessoas mais querem ouvir, ainda mais num lugar que a gente não vai há tanto tempo.

ZH – O quanto é diferente ser artista atualmente?

Gessle – As coisas mudaram muito. Me surpreendo de o mercado de discos ainda existir. As novas gerações vivem num novo mundo, com os iPods e os aplicativos. Ficou muito fácil de a música ser carregada, e a competição é matadora, há muita música por aí. O estranho é haver uma variedade de música tão grande à disposição e as rádios comerciais serem tão estreitas quanto ao estilo que vai ao ar. São sempre as mesmas músicas!

LUÍS BISSIGO, ZERO HORA
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