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Itapema FM  | 29/03/2011 07h58min

Adriana Calcanhotto lança o álbum O Micróbio do Samba

Vale um instante de silêncio para ouvir as novas músicas de Adriana Calcanhotto. Contaminada pelo balanço de morros e do Carnaval, a cantora e compositora volta às lojas com um disco de inéditas, convenientemente batizado de O Micróbio do Samba.

A expressão “micróbio do samba”, conta Adriana, é frequente em letras de sambistas do início do século 20. Lupicinio Rodrigues, por exemplo, menciona o termo em depoimentos autobiográficos, para explicar por que foi expulso da escola por batucar na mesa durante as aulas. Seria uma definição para o encanto irresistível do ritmo do surdo, da alegria da passista, da melancolia do cavaquinho.

– Tenho o micróbio, mas isso não faz de mim uma sambista. Meus pais adoram samba, eu não tinha como não nascer contaminada – explica a porto-alegrense, falando por telefone de um hotel em São Paulo.

De fato, as canções exalam influências de Lupi, especialmente na poética. Amargura (Beijo Sem), traição (Mais Perfumado), vingança (Pode se Remoer), romantismo (Vem Ver) e euforia amorosa (Eu Vivo a Sorrir) são os grandes temas do álbum, em versos envoltos por uma sonoridade simples disfarçada de sofisticação, e vice-versa. A base percussiva de Domenico Lancellotti e o baixo acústico de Alberto Continentino dão um toque sutil, complementado pelos violões de Adriana e Davi Moraes, com eventuais intervenções – há uma guitarra tocada pelo hermano Rodrigo Amarante em Já Reparô?. Lupicinio não se sentiria ultrajado em dividir a mesa com esse time.

– Lupi é forte para mim. Em Porto Alegre, fiquei quase um ano tocando na noite. Depois de tocar, eu ia a lugares como o Carinhoso, via o Plauto Cruz no palco, conversava com as pessoas que tinham convivido com ele, contavam histórias dele. Parecia que Lupi tinha acabado de sair pela porta.

Adriana vinha alternando trabalhos “adul­tos” – o último fora o disco Maré (2008) – e projetos voltados às crianças sob a alcunha Adriana Partimpim, lançados em 2004 e 2009. Foi na turnê Partimpim Dois – que esteve no Porto Alegre Em Cena de 2010 – que ela percebeu: entre composições esparsas feitas nos últimos anos, havia alguns sambas. Ao gravar um rascunho das canções, achou que ali estava o novo álbum.

– Este disco aconteceu. O primeiro samba é Vai Saber, que escrevi de encomenda para Mart’nália, e Marisa Monte gravou (no disco Universo ao Meu Redor, de 2006). O último foi Deixa, Gueixa, feito em Oslo.

Mas o Micróbio não vai se disseminar na estrada. Adriana descobriu recentemente uma lesão em um tendão da mão direita e está impossibilitada de tocar violão. Davi Moraes está tocando nos shows dos próximos meses, que não enfatizam o novo repertório. Na verdade, a turnê em andamento, com o nome Trobar Nova, abrange diferentes períodos da trajetória da artista, e deve ser apresentado na próxima edição do Em Cena. Sem tocar, Adriana vai cantando e se expondo a outros micróbios.

– Quando você abandona o instrumento, ele te abandona em dobro. Mas é uma oportunidade de compor de outra maneira, que não no violão – explica. – É o lado bom de estar de castigo.

O MICRÓBIO DO SAMBA
Adriana Calcanhotto
MPB. Sony, 12 músicas, R$ 25 em média.
Cotação: * * * *

LUÍS BISSIGO, ZERO HORA
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