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Itapema FM  | 03/03/2011 07h51min

Cantoras Jessie J e Lykke Li chamam atenção da crítica e de outros artistas

Se você é moderninho: ouça Jessie J

Órfã desde que Amy Winehouse perdeu-se nos próprios abusos, a Grã-Bretanha festeja esta semana o nascimento oficial de sua nova voz – e, desta vez, livre de drogas e bebidas.

Rainha das paradas desde o final do ano passado e capaz de arrancar elogios das bocas mais inesperadas, Jessie J lançou nesta semana seu primeiro disco cotada como a grande promessa da música pop em 2011. E não deve decepcionar.

Natural do condado de Essex, Jessica Ellen Cornish, 22 anos, construiu uma sólida reputação dentro da indústria musical inglesa em um curto tempo. Em 2010, Jessie era uma ilustre desconhecida que escrevia canções para artistas como Alicia Keys, Rihanna e Miley Cyrus. O empurrão para os holofotes quem deu foi Justin Timberlake, que a incentivou a registrar o primeiro single, Do It Like a Dude.

A canção, uma agressiva mistura de batidas hip hop e guitarras distorcidas, com letra típica de autoafirmação feminista do início do século 21, ficou em segundo lugar na lista britânica das mais vendidas em novembro de 2010 – cerca de 300 mil cópias. Foi o suficiente para Jessie ganhar o prestigiado Brit Awards na categoria Escolha da Crítica e encabeçar a lista de artistas que a BBC indica para se ficar de olho em 2011.

O segundo single, o dub feliz de mensagem anticapitalista Price Tag, estreou direto em primeiro lugar, vendendo 90 mil unidades em 48 horas e prognosticando que o primeiro disco, Who You Are (cuja faixa-título fala em ser feliz do jeito que se é, tema em alta no mundo pop atualmente), será tão bem-sucedido financeiramente quanto variado musicalmente.

Com a mesma paleta sortida, Jessie trata seu guarda-roupas. Uma rápida espiada em seus clipes e aparições públicas basta para entender por que ela é considerada a resposta de Sua Majestade a Lady Gaga. Como a americana, Jessie é presença garantida em revistas de música, comportamento e moda e uma promissora usina de tendências (no YouTube, há tutoriais ensinando a copiar os lábios estilosos de Jessie no clipe de Do It Like a Dude...).

Mas as comparações param na capacidade de ouriçar fashionistas e abusar do corpo como ferramenta de trabalho. Diferentemente de Gaga, Jessie é uma cantora com personalidade vocal própria, elogiada pela veterana Cyndi Lauper e por Simon Cowell, o produtor e jurado inglês que destrói calouros em programas como American Idol. Sua autoconfiança é suficiente para que apresentasse Price Tag pela primeira vez com apenas voz e violão no programa de Jools Holland, na BBC.

E, apesar do visual extravagante, das letras pontuadas por palavrões e de já ter se declarado bissexual, Jessica está longe do estereótipo da popstar.

Eu quero ser um modelo de comportamento – disse ela. – Não posso chegar no palco bêbada ou fumando um baseado.

Álcool e drogas não fazem parte do cardápio, segundo ela, por razões médicas – um descompasso no coração, descoberto quando tinha 11 anos.

Você sabe quando as pessoas dizem “você tem 18 anos e tem todo o tempo do mundo”? Eu dizia: “Bem, não, acabei de sofrer um ataque cardíaco e não acho que eu tenha”.

> WHOYOU ARE, Jessie J (Pop. Universal, 13 faixas, preço a definir). Lançamento no Brasil previsto para 29 de março.

PARA QUEM CURTE cantoras de vozes potentes, com pegada R&B (Leona Lewis) e pitadas de hip hop (Beyoncé), que se vestem de maneira pouco usual, mas cheias de estilo (Lady Gaga) e com muita atitude dentro e fora do palco (Pink).

*

Se você é mais moderninho ainda: Lykke Li

Da gélida e cinzenta Suécia, Lykke Li surgiu luminosa e dançante em 2008, com o disco Youth Novels. Amparada (e produzida) pelo compatriota Björn Yttling, do trio Peter Bjorn and John, tornou-se rapidamente queridinha das pistas descoladas e de grifes famosas.

Mas em 2011, ela parece não ver mais tanta graça em tudo.

Interessante notar que o amadurecimento musical e pessoal de Li Lykke Timotej Zachrisson tenha se dado de maneira tão controversa. O primeiro trabalho, gravado em Estocolmo, prima pelo folk alegrinho, sintetizadores correndo a mil, vocal infantil e frágil cantando alegorias de uma juventude que não quer saber de envelhecer. Diz ela, em entrevista ao site Pitchfork, como que mirando (e criando em estúdio) um horizonte mais ensolarado:

Sou da Suécia, não curto tanto o inverno e não vejo nada de fofo nele.

Então ela conquista o sol e vai para Los Angeles, onde escreve seu segundo disco. Mas Wounded Rhymes, com previsão de lançamento nos EUA e Europa para esta semana, mostra Lykke pintando justamente com as paletas monocromáticas de sua terra natal. Pesado, soturno e enigmático, é Lykke debruçada na janela com saudades do frio.

Tem menos atmosfera e mais direção. Eu tinha 19 anos quando gravei meu primeiro álbum, e desde então fui exposta a muitas coisas. Mergulhei na loucura – completa.

O choque de realidade começou nos cinemas. Em 2009 escreveu Possibility para a trilha do blockbuster teen Lua Nova, segundo capítulo da saga Crepúsculo. Tornou-se, então, diva de adolescentes melancólicos – e chamou atenção do mundo da moda.

Em 2010, emprestou corpo e alma à campanha da linha de jeans Curve ID, da Levi’s, e cedeu a faixa Little Bit a um comercial de lingerie da Victoria’s Secret. Encantado, o rapper Kanye West chamou Lykke para um dueto em Gifted e rasgou elogios:

Não entendo por que ela não é uma artista maior.

Resultado: mais cópias vendidas de Youth Novels, um contrato com a gravadora Atlantic e a consagração como musa indie na capa da revista Spin sobre as Next Big Things de 2011.

A expectativa também cresceu: antes mesmo do lançamento, Wounded Rhymes recebera cotações gordas de publicações como Rolling Stone e Mojo, ressaltando seu crescimento como compositora.

A voz também mudou, está mais segura, porém gélida e sombria. O tema volta-se para a solidão, amores expressos e entrega. Os arranjos mantiveram os violões folk, uma ou outra guitarra e a forte percussão.

Mas a velocidade é outra. Lykke agora quer, do alto de uma montanha nevada, contemplar seu reino, sem pressa. E, de preferência, no escuro.

WOUNDED RHYMES, Lykke Li (Pop. Atlantic, 10 faixas, R$ 20, importado). Sem previsão de lançamento no Brasil.

PARA QUEM CURTE pop construído com sintetizadores (Little Boots), conduzido por uma voz marcante e soturna (Nico) e com alguma vocação para as pistas de dança descoladas (Robyn e The xx).

GUSTAVO BRIGATTI, ZERO HORA
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