Quem foi aos shows – memoráveis, diga-se – que o Black Eyed Peas fez em novembro de 2006 e outubro de 2007, na Capital gaúcha, vai ficar boquiaberto. Eis que o grupo retorna, e com a maior turnê de um artista internacional do primeiro time realizada em solo brasileiro: serão nove apresentações, num espaço de 20 dias.

Em 30 de outubro, os gaúchos terão a oportunidade de assistir ao espetáculo, que deve lotar o Estacionamento da Fiergs. Na última sexta-feira, na abertura do giro pelo país, Fergie até mandou tchauzinho para Porto Alegre.

– Esse show tem surpresas, e uma nova tecnologia – explicou Will, na coletiva realizada pouco antes do show do grupo no Ceará Music, festival realizado pelo décimo ano no Marina Park, em Fortaleza.

Não explica muito a diferença dele para os anteriores, que parecem simples ensaio perto do que o país começou a ver com a apresentação na capital cearense – onde o BEP abriu a turnê nacional. Coisas como um fantástico conjunto de telões de LED que funcionam de maneira orgânica, às vezes robótica, às vezes urbana, ou com algum toque de sonho e psicodelismo. Quase um teatro que, só pelo visual e as coreografias das dançarinas mascaradas, já valeria o ingresso.

É isso, sim. Façamos de conta que nem existe o sistema de elevadores que a turnê “herdou” do show que Michael Jackson faria na O2 Arena de Londres, com os quais os Peas aparecem e desaparecem como sobre-humanos. O grupo de elevadores – vários, pois são cinco palcos viajando agora pelo país – custou nada menos que US$ 3 milhões (cerca de R$ 5,1 milhões).

Seria possível nem falar da música para deixar o povo intrigado com a turnê The E.N.D. Mas esses sucessos foram todos escritos para funcionar nos shows como poderá ser testemunhado na Fiergs: praticamente milhares de vozes cantando num só tom as letras, palavra por palavra. Em alguns momentos, o grupo sequer precisaria abrir a boca.

O que pode explicar o fato de o quarteto se dar tão bem com o público brasileiro é que ele não deixa de ter uma certa brasilidade. Will.I.Am sempre declara amor pelo Brasil, e mais do que Apl.de.pl, conhece muito da nossa música popular. A sexualidade, o toque apimentado está a todo momento pelo palco. Sempre de um jeito meio nosso, menos ofensivo e sexista, mais malicioso e moleque. O trio de marmanjos vive soltando coisas como “bunda” e “gostosa” no meio das músicas. E o público todo, inclusive as meninas, grita de alegria com as “indiscrições”.

Esses quatro performers sabem no que são bons e o quanto são bons no que fazem. Fergie nunca deixa de estar irresistível, no visual e como cantora. Taboo se destaca pela destreza física, cantando como se estivesse numa duríssima sessão de exercícios aeróbicos. Cada um tem seu momento de brilhar sozinho. Porém, como o próprio Taboo destacou em entrevista, eles parecem realmente conectados e próximos quando estão atuando em conjunto – não quiseram, por exemplo, responder aos jornalistas sobre suas carreiras solo.

Quando I Gotta Feeling encerra o show de maneira catártica, o visual deslumbrante e a energia desses magos já pegou o público pelo colarinho em inúmeros momentos, fazendo com ele o que queria.

Não há como escapar da magia que algo excepcional, realizado com cuidado e alegria, pode proporcionar, mesmo para quem não curte o Black Eyed Peas. É um mar de gente pulando simplesmente abduzida com o que rola no palco em duas horas de show, sem intervalos.

> Vídeo: Black Eyed Peas manda recado para fãs brasileiros

O repórter Renê Müller viajou a convite da produção do show.

Serviço do show

Dia 30 de outubro, às 21h, no estacionamento da Fiergs (Assis Brasil, 8.787).

Classificação: 12 anos

Ingressos: R$ 100 (pista), R$ 220 (pista premium) e R$ 350 (camarote). Os ingressos de pista gold estão esgotados. Desconto de 10% para titular do Clube do Assinante Zero Hora.

Pontos de venda: Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), de segunda a sábado, das 14h às 22h e Telentrega Ingresso Show pelos fones (51) 8401-0555 ou (51) 3299-0800 (de segunda a sexta, das 9h às 19h).