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 | 25/05/2010 08h26min

Slash junta os amigos em primeiro projeto solo

GUSTAVO BRIGATTI  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Enquanto Axl Rose demorou 15 anos até encontrar a formação que substituísse seus antigos companheiros de Guns N’Roses, Slash precisou de 16 vocalistas para dar conta do seu primeiro disco efetivamente solo. E se Chinese Democracy não foi lá essas coisas, o mesmo é possível dizer do homônimo trabalho de Saul Hudson que chega agora ao Brasil.

O projeto segue a mesmíssima cartilha criada por outro icônico guitarrista, o mexicano Carlos Santana, na virada do século: sob toneladas de riffs e solos, uma dúzia de manjados vocalistas de pop rock soltam a voz alternando-se entre baladas e pauladas. À prova de erros e feito para os fãs.

Sim, Slash fez um disco para seguidores, novos e velhos. Desde os hoje trintões, que o alçaram à posição de guitarrista símbolo do metal farofa ao lado de Axl, até os guris, que aprenderam a gostar dele jogando Guitar Hero, foi pensando neles que o músico arrematou cada uma das previsíveis faixas do trabalho.

Por isso, não há decepção. Slash não entrega nada além do que já fez com suas outras bandas, do Guns ao Velvet Revolver, passando pelo Snakepit e uma infinidade de participações especiais – inclusive com alguns de seus próprios convidados – ao longo dos últimos 20 anos. Ou seja, de incoerente não dá para acusá-lo. Ele próprio admitiu, em entrevistas quando esteve no Brasil em excursão com o Velvet, que é um guitarrista de hardrock e é isso o que tem a oferecer.

Nas 16 faixas do disco, o cerne é a pegada de blues eletrificado, decalcada dos ídolos setentistas de Slash, que ora pende para o heavy metal (Doctor Alibi, com Lemmy Kilmister, e Nothing to Say, com M. Shadows), ora para o country (Starlight, com Myles Kennedy), ora se esbalda feliz na farofada (Ghost, com um sofrível Ian Astbury, Beautiful Dangerous, com Fergie, e I Hold on, com Kid Rock).

Há ainda espaço para uma melacoliazinha básica (Promise, com Chris Cornell, By the Sword, com Andrew Stockdale e Gotten, com Adam Levine) e o momento “quebradeira instrumental” em Watch This, com Duff McKagan no baixo e Dave Grohl na bateria – faixa que pode ser baixada de graça no site oficial do músico (slash.ultimate-guitar.com). No Brasil, o disco vem com dois números extras. Uma dispensável regravação de Paradise City, do Guns, com nova participação de Fergie junto dos rappers do Cypress Hill, e Baby Can’t Drive, que une nos vocais Alice Cooper e outra gostosona de voz esganiçada, a Pussycat Doll Nicole Scherzinger, mais Flea no baixo e Steven Adler na bateria.

Ao final da audição, fica a impressão de que o tempo parece exercer sobre Slash o mesmo efeito que sobre o Papai Noel. São figuras queridas, pela qual guardamos uma ternura sincera, algo infantil, mas que vão inevitavelmente perdendo credibilidade conforme crescemos. A não ser que você seja um fã. Ou ainda espere pelo bom velhinho na noite do dia 24 de dezembro...

Guns N’ Roses em fragmentos

> Desde o final da chamada formação clássica, o Guns N’ Roses sobrevive tanto no projeto que Axl Rose (foto acima) mantém aos trancos e confusões quanto nos trabalhos de seus ex-integrantes.

> Se Axl tenta manter acesa a brasa do Guns, muitos fãs acreditam que a verdadeira chama roqueira da banda segue ardendo pelas mãos de Slash. Após romper com Axl, o guitarrista formou o Slash’s Snakepit, grupo que contou em sua primeira formação com outros ex-integrantes do Guns, como o guitarrista Gilby Clarke e o baterista Matt Sorum. O Slash’s Snakepit lançou dois discos: It’s Five O’Clock Somewhere (1995), com Eric Dover no vocal, e Ain’t Life Grand (2000), já sem os ex-parceiros do Guns e com Rod Jackson no microfone.

> Em 2004, Slash voltou a reunir o DNA do Guns N’ Roses no Velvet Revolver, que contava com o baixista Duff McKagan e outra vez com o baterista Matt Sorum – mais o vocalista do Stone Temple Pilots, Scott Weiland. Lançaram dois álbuns: Contraband (2004) e Libertad (2007). A saída de Weiland, em 2008, para voltar ao STP, fez Slash tomar novo rumo.

> Guitarrista que ajudou a moldar o som do Guns ao lado de Axl e Slash, Izzy Stradlin mantém um carreira ativa, porém discreta, desde que abandonou o barco, em 1991. Já lançou 10 discos, o mais recente em 2009, chamado Smoke. Izzy chegou a ensaiar com Slash e Duff para integrar o Velvet Revolver, mas não foi adiante no projeto. O guitarrista surpreendeu o fãs ao participar de alguns shows desse novo Guns capitaneado por Axl.

> A mais recente notícia envolvendo um ex-integrante do Guns N’ Roses fala da entrada do baixista Duff McKagan no Jane’s Addiction, a boa e sazonal banda californiana do cantor Perry Farrell e do guitarrista Dave Navarro, que prepara um novo disco.

> Axl Rose, por sua vez, não consegue ficar longe das polêmicas. Agora, ele acusa seu ex-empresário de tentar sabotar “o seu” Guns N’ Roses para forçar uma reunião do cantor com os antigos parceiros da formação “clássica”. Já o empresário acusa Axl de calote em comissões devidas pelo agenciamento. Nessa turma não existe santo. Mas quem acompanha o descaso com que o Axl trata seus fãs – submetendo-os a horas de espera nos shows, como visto há pouco na turnê brasileira – sabe que ninguém sabota Axl Rose mais do que ele próprio.

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