| 03/11/2005 08h13min
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu ontem que houve "relaxamento" no controle da febre aftosa no Brasil. Sem citar nomes, ele lembrou que já havia alertado para os riscos do reaparecimento da doença.
– Eu tenho dito há muito tempo: o problema da aftosa não é saber se vai ter. É saber quando e onde vai aparecer. Eu tinha medo porque achava que havia um relaxamento da situação – disse, ao comentar o momento ruim pelo qual a agricultura passa nos últimos meses.
Rodrigues tem evitado polemizar, mas, em outros momentos, já se queixou da demora na liberação de recursos pela área econômica para seu ministério.
– Numa crise agrícola como a aftosa, tem gente boa, inocente, que paga por fatores sobre os quais ela não tem a menor responsabilidade - desabafou o ministro que, mesmo com o feriado de Finados, realizou ontemreuniões para discutir o problema da aftosa.
Ele recebeu por quase três horas representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipes).
Ficou definido um conjunto de ações para tentar reverter os embargos às importações de carne bovina do Brasil por mais de 40 países. Entre as quais está a criação de um sistema de informação centralizada no Ministério da Agricultura, que passará a ser a única fonte de informação para o setor privado, embaixadas e imprensa.
Também será estabelecida uma estratégia de comunicação internacional para demonstrar as medidas que o Brasil vem adotando para controlar a aftosa. Outra decisão será dar um tratamento especial aos países que suspenderam as compras de carne de todas as regiões do Brasil. Segundo o ministro, é preciso dar mais informações a esses países, além de enviar missões a alguns deles.
Para o diretor-executivo da Abiec, Antônio Camardelli, os reflexos da aftosa nas exportações brasileiras, já sentidos em outubro, devem ser piores em novembro, provocando prejuízo de US$ 100 milhões:
– O olho do furacão deve se estabelecer em novembro, desde que não ocorram mais focos de aftosa. A partir daí, espero que o cenário comece a ser revertido.
Segundo a Abiec, a perda de exportações em outubro, em relação a setembro, foi de US$ 68 milhões. Os dados incluem as vendas externas de carne in natura e industrializada e, por isso, são diferentes dos apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os números do governo mostraram queda de 23% nas vendas apenas de carne in natura, o que representa US$ 156 milhões em relação a setembro.
Hoje 41 municípios brasileiros – cinco em Mato Grosso do Sul e 36 no Paraná – são considerados pelo governo áreas de risco de febre aftosa. Está proibida, com isso, a saída de animais vivos, entre outros, dessas regiões.
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