| 28/10/2005 13h59min
Na iminência da abertura da CPI do Caixa Dois e um dia depois de o deputado Moroni Torgan (PFL-CE) ter defendido o impeachment do presidente Lula (após o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ter confirmado na superacareação de ontem que usou parte dos recursos recebidos de Marcos Valério para saldar despesas da campanha do então candidato do PT), o secretário nacional de Comunicação do PT, Humberto Costa, disse nesta sexta-feira que o partido vai partir para ofensiva política.
– Vamos mostrar que somos melhores no governo do que eles, que temos resultados melhores; mostrar que nós herdamos dos tucanos um Brasil desgastado e sem prestígio internacional, vivendo uma enorme crise econômica – declarou o ex-ministro ao site do PT.
Costa aproveitou para avaliar o programa nacional gratuito do partido, que foi ao ar ontem em rede de rádio e TV.
– Nossa preocupação foi, em primeiro lugar, mostrar que o partido não pode ser julgado pelos erros de uma parte de sua antiga direção e que o PT é muito mais do que isto.
Segundo Costa, o programa mostrou que a campanha desencadeada pela oposição contra o PT está preocupada apenas em desgastar o governo Lula, que estaria apresentando melhores resultados do que o de Fernando Henrique Cardoso.
– Eles não estão preocupados com a ética na política – afirmou o ex-ministro, que também falou sobre a situação do senador tucano Eduardo Azeredo, que renunciou à presidência do PSDB esta semana, diante das acusações de caixa dois em sua campanha ao governo de Minas, em 1998. Para Costa, este parece ser um caso que caracteriza mais crime eleitoral do que corrupção.
– Há uma investigação profunda pelas CPIs e elas devem esclarecer também qual o nível de comprometimento do PSDB em relação a algum esquema que seja questionável do ponto de vista ético – disse, acrescendo que um aprofundamento da radicalização no debate apenas favorece "o enfraquecimento da democracia e uma paralisação do governo".
Também no site do PT, o secretário-geral do partido, deputado estadual Raul Pont, diz que se não houver uma reforma política o caixa dois poderá continuar a ser comum nas campanhas eleitorais.
– Pode cassar cinco, seis, 10, 20 deputados. No ano que vem, se mantiver este sistema eleitoral, vamos ter de novo estas mesmas questões, porque é comum que os partidos recebam recursos que não são contabilizados – afirmou Pont.
Para ele, as denúncias que envolvem o PT com o esquema de financiamento de campanhas são práticas antigas, inclusive na oposição:
– O caso Azeredo é simplesmente a prova de que esse problema que envolveu o PT não é novo. Isso ocorreu com outros partidos. É mais uma demonstração de que, para se enfrentar isso seriamente, nós precisamos mudar o sistema eleitoral, a maneira com que se dá a eleição em nosso país. Enquanto tivermos voto nominal e financiamento privado de campanha, vamos continuar tendo esse tipo de problema. O pedido de cassação do mandato do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) deve entrar na pauta da reunião da Comissão Executiva Nacional do PT, hoje. Se depender da opinião do 3º vice-presidente, Jilmar Tatto, o PT deve tomar a iniciativa de pedir a abertura do processo no Senado.
– Não tem o menor sentido o PT não fazer isso, se o próprio Azeredo renunciou à presidência nacional do PSDB por envolvimento com o esquema de Marcos Valério – disse Tatto, também no site do partido, acrescentando que o PT não teme a proposta de CPI do Caixa Dois, feita pelo PSDB, em resposta às denúncias contra os tucanos.
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