| 27/10/2005 02h52min
O saque contra a distribuidora de alimentos Standard, ontem, em Esteio, sinaliza que a Via Campesina trouxe para a Região Metropolitana a estratégia de invadir empresas. Até ontem, a prática estava restrita a municípios do Interior.
No início da madrugada de ontem, integrantes da Via Campesina, dos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Pequenos Agricultores (MPA) e de outros grupos invadiram a Standard, às margens da BR-116. Calculados em 1.053 pela Brigada Militar, desembarcaram de ônibus, intimidaram os seguranças e forçaram a entrada. Ato contínuo, passaram a saquear a empresa.
Os manifestantes distribuíram alimentos a moradores de uma vila próxima e a pedestres atraídos pela confusão. Também saquearam caminhões de empresas como Avipal, Nestlé, Kibon e Sadia, que carregavam mercadorias.
O diretor-presidente da Standard, José Luis Demeterco, conseguiu entrar na distribuidora no início da noite, depois de a Justiça ordenar a
retirada dos invasores. Declarando-se
abismado, o empresário disse que só poderá contabilizar o prejuízo dos danos e dos saques a partir de hoje.
- É grande, bem feio. Uma arruaça - disse.
Um dos coordenadores da Via Campesina e do MPA, Áureo Scherer disse que a Standard foi invadida em protesto contra os baixos preços do leite. Argumentou que os produtores rurais recebem apenas R$ 0,35 pelo litro - o mesmo valor da embalagem. No início do ano, ganhavam o dobro pelo líquido.
- Queremos receber pelo menos 50% do preço cobrado do consumidor - ressaltou Scherer.
As invasões de empresas como forma de exigir melhores preços antes ocorriam no Interior. Em março de 2002, foram tomadas usinas de beneficiamento de leite em Santa Rosa, São Lourenço do Sul, Carazinho e Teutônia. Ontem, a Via Campesina acenou que indústrias ou órgãos públicos da Capital poderão ser atingidos.
- Vamos fazer todo tipo de ação para segurar o homem no campo, não tenham dúvidas -
anunciou um dos coordenadores do MPA, Plínio Simas.
A Standard foi atacada por centralizar a distribuição de leite de usinas do Rio Grande do Sul. O plano da Via Campesina (uma articulação mundial de movimentos agrários, criada em 1992, na Nicarágua) é forçar os governos estadual e federal a agirem em favor dos produtores rurais.
*Colaborou Thiago Copetti
( nilson.mariano@zerohora.com.br )
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