| 10/10/2005 18h35min
O Brasil foi ágil no combate ao foco de febre aftosa no município de Eldorado, no sul do Estado de Mato Grosso do Sul, e tal rapidez precisa ser reconhecida pelos importadores de carne bovina brasileira e entidades sanitárias internacionais. A avaliação é do presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.
– Todas as medidas sanitárias exigidas pelas normas internacionais foram cumpridas. O Brasil demonstrou maturidade no tratamento do assunto – disse o representante da CNA.
Nogueira lamenta o fato, mas alerta que cabe agora às autoridades do país apresentar aos importadores de carne bovina brasileira as medidas sanitárias adotadas, de forma a reduzir ao máximo o impacto negativo que o fato possa ter sobre as exportações do segmento. O representante da CNA destaca que a região do foco já foi isolada e que não há risco de comprometimento de rebanhos de outros Estados.
– Estados como Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Santa Catarina há mais de 10 anos não registram casos de febre aftosa – destaca Nogueira, ao argumentar que o país, como um todo, não pode ser punido por um problema isolado e que já foi controlado.
– Transparência é demonstração de maturidade, e é isso que tem de ser levado em consideração – afirma o representante da CNA.
Para Nogueira, o passo primordial é apurar como a doença se instalou no rebanho de uma fazenda sul-matogrossense, dentro de uma área considerada livre de febre aftosa com vacinação.
– Mas ainda não há como precisar a origem do foco da doença. Se a culpa for do fazendeiro, que não vacinou seus animais, ele terá de ser punido. Mas toda essa situação ainda precisa ser apurada. O importante é que o episódio foi controlado – disse, referindo-se a suspeitas de que poderia haver presença de gado trazido do Paraguai.
O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Leôncio de Sousa Brito Filho, também lamenta a detecção de caso de febre aftosa no Estado, e defende que seja apurada a origem do foco da doença e a identificados os responsáveis. Em Mato Grosso do Sul não era registrado nenhum caso de febre aftosa desde 1999.
O Estado tem um rebanho de 25 milhões de cabeças, com abate de cinco milhões de animais por ano. Segundo Léo Brito, Mato Grosso do Sul registra um abate mensal de 320 mil animais, dentro do Estado, além de remeter mais 80 mil bovinos mensalmente para outros Estados, principalmente São Paulo. O Estado responde por quase metade da carne bovina brasileira exportada pelo país, explica Brito.
– É uma notícia muito ruim para Mato Grosso do Sul. É impossível deixar de dizer que faltam recursos do governo federal para a área de proteção e vigilância sanitária, mas ainda é cedo culpar o governo federal, o governo estadual ou um só pecuarista – diz o presidente da Famasul.
Brito não descarta, inclusive, o surgimento de um
novo tipo de vírus. Ele lembra que o
Brasil exporta carne bovina para 142 países, e que, frente ao surgimento desse caso de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, alguns importadores poderão, momentaneamente, suspender compras. Mas o presidente da Famasul diz que a rapidez na adoção das medidas sanitárias necessários e a transparência com que o tema foi tratado farão com que o problema se reverta. O fato, destaca, já foi comunicado à Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE).
– Passado esse momento crítico, tudo voltará ao normal. Em poucos dias os outros Estados e outros municípios de Mato Grosso do Sul retomam a situação original – avalia Brito.
Ele lembra que foi decidido que na próxima quarta-feira ocorrerá reunião do Centro Panamericano de Febre Aftosa, na cidade de Eldorado (MS), para que os países da região, em conjunto, discutam o problema e busquem soluções para evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer.
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