As ligações e os negócios do empresário Sérgio Gomes da Silva, principal testemunha do seqüestro do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), estão envoltas em suspeitas. Aspectos controvertidos da biografia de Silva – especialmente suas relações com a prefeitura de Santo André e com o empresário Ronan Maria Pinto, que presta serviços ao município – atraíram a atenção da polícia, do Ministério Público e de vereadores da cidade paulista. A Rotedalli Serviços e Limpeza Urbana Ltda, pertencente a Ronan, tem contratos no valor de pelo menos R$ 1,7 milhão com a prefeitura. Parte disso – no valor de R$ 526 mil – foi feita sem licitação. Três contratos foram julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em março de 2000, a partir de uma representação do Ministério Público baseada em denúncia do Sindicato dos Servidores Municipais de Santo André. 

As relações entre a Rotedalli, Ronan e a prefeitura foram investigadas durante quase um ano pelo Setor de Crimes de Prefeitos do Ministério Público, entre 2000 e 2001. O procurador de Justiça José Benedito Tarifa concluiu pelo arquivamento do processo, alegando que não havia ilegalidade. Entre os envolvidos no caso, está Sérgio Gomes da Silva. Ele aparece como uma das pessoas que mantém ligações com empresários do lixo e de transporte público no município. 

Preocupada com uma suposta tentativa de atingir o partido em denúncias de corrupção, a direção do PT tem emitido declarações em favor de Silva.

– Fico indignado que, sem provas, façam ilações ofensivas à memória do prefeito e ao PT – diz o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP).

A Polícia Federal vasculhou na quinta-feira, 24 de janeiro, o sítio de Silva. A operação foi feita sem o conhecimento da Polícia Civil. As duas corporações trabalham em regime de força-tarefa na investigação e na morte de Celso Daniel. De acordo com o secretário estadual da Segurança, Saulo Agreu, todos os órgãos farão sua parte e promover intercâmbio.