| 15/09/2005 00h13min
A Polícia Federal (PF) deverá sugerir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilo bancário do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Na tarde desta quarta, o procurador geral da República, Antonio Fernando Souza, telefonou para o delegado responsável pelo inquérito, Sérgio Menezes, e pediu que o processo seja encaminhado ao Supremo. Mesmo que Severino renuncie ao mandato de deputado, o processo irá correr nessa Corte, já que o suposto crime foi cometido ainda no exercício do cargo eletivo. Severino pode vir a responder pelo crime de corrupção ativa.
Antes do envio do inquérito ao STF, a PF quer ouvir novamente o empresário Sebastião Buani, para que ele explique a data do cheque que teria repassado a Severino. Buani havia afirmado que começou a pagar o mensalinho ao deputado em 2003, mas o cheque que apresentou nesta quarta como prova é de 2002.
Também serão ouvidas a filha do empresário, Gisele Buani, e a gerente do banco onde o cheque foi descontado, Jane Albuquerque. De acordo com o depoimento da secretária de Severino Gabriela Kênia Martins à PF, foi Jane quem lhe entregou o pacote com quase R$ 7 mil.
Para a polícia, no entanto, Gabriela entrou em contradição no depoimento. A secretária sustentou a versão de que foi chamada pelo filho do deputado Severino Cavalcanti Junior – morto em um acidente em 2002 –, para buscar um cheque com Buani e descontar na agência bancária que fica na Câmara dos Deputados.
Gabriela contou que Buani preencheu o cheque na frente dela. Porém, a letra que aparece no cheque, ainda segundo a polícia, é, em princípio, de mulher. Buani, em depoimento, garante que entregou o cheque pessoalmente a Severino. O cheque será submetido a perícia técnica.
A secretária afirmou que o dinheiro foi entregue em um envelope por Jane Albuquerque. O pacote teria sido encaminhado a Severino Junior na Primeira Secretaria. Ela informou ainda que o dinheiro foi usado para pagar despesas da campanha eleitoral de Junior a deputado estadual em Pernambuco.
Segundo a PF, Gabriela disse não ter trabalhado na campanha, mas entrou em contradição ao contar que a outra secretária de Severino, Russeli, sabia que ela trabalhava na campanha de Severino Junior.
De acordo com a polícia, a secretária agora passou da condição de testemunha para investigada.
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