| 08/08/2005 09h42min
Apontado como financiador do caixa dois do PT e operador do suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, o empresário Marcos Valério de Souza já a estratégia para o depoimento que fará amanhã à CPI do Mensalão. Ele pretende comprometer ainda mais o deputado Roberto Jefferson (RJ), contando ter testemunhado uma tentativa de chantagem feita pelo presidente licenciado do PTB contra o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares.
Valério promete demonstrar, ainda, que o PTB se beneficiou tanto quanto o PT, o PP e o PL dos empréstimos tomados oficialmente em nome de suas agências de publicidade.
Outro alvo de Valério será o deputado José Dirceu (PT-SP). O empresário vai dizer, pela primeira vez em depoimento formal no Congresso, que o ex-chefe da Casa Civil era o avalista político de todas operações financeiras realizadas em favor do PT e dos partidos aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi omitida por Valério no depoimento que deu à CPI dos Correios no dia 6 de julho.
A tentativa de chantagem de Jefferson se deu, segundo o empresário, durante uma conversa com Delúbio no escritório do PT em Brasília. Valério diz ter testemunhado o petebista fazendo ameaças ao tesoureiro para receber dinheiro:
– Ele queria grana.
O empresário tem feito segredo sobre o que Jefferson prometia fazer caso não obtivesse os recursos, mas foi depois do episódio que o deputado denunciou a existência do mensalão. Valério conta que Delúbio chegou a prever que haveria turbulência.
– Vamos ter problemas com Roberto Jefferson – teria dito o tesoureiro.
Além disso, Valério diz ter ouvido do ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri queixas de que Jefferson fazia pressão constante para conseguir mais dinheiro com a justificativa de que precisava cobrir um rombo nas contas do partido. A confissão teria sido feita por Palmieri em janeiro passado, quando ele e o empresário viajaram juntos para Lisboa.
Valério afirma que não procede a versão de que Jefferson tinha um bom relacionamento com seu antecessor na presidência do PTB, o deputado José Carlos Martinez (PR), morto num acidente de avião. De acordo com o sócio das agências de publicidade DNA e SMP&B, Martinez costumava reclamar com freqüência do comportamento de Jefferson.
O maior ressentimento de Valério, porém, não é com Jefferson, mas sim com José Dirceu. De acordo com o empresário, o ex-homem forte do governo Lula não só sabia de todas as operações financeiras realizadas por suas empresas em parceria com Delúbio, como também garantia o aval político para a obtenção de empréstimos bancários. Os bancos, afirma Marcos Valério, só aceitavam conceder financiamentos porque tinham a certeza de que Dirceu estava por trás dos pedidos de dinheiro.
Sempre segundo o empresário, o ex-ministro também era informado dos repasses feitos aos partidos políticos.
Valério diz que não revelou desde o início tudo o que sabe porque resolveu atender a um apelo de Delúbio, que lhe pediu que moderasse o tom das denúncias.
O homem que vem sendo comparado ao empresário Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor, alega que considera Delúbio o único integrante da cúpula do PT que mostrou solidariedade:
– Eu não me arrependo de nada que eu e ele fizemos juntos.
Para ele, o ex-tesoureiro é disciplinado e nada mais fez do que cumprir ordens dos chefes petistas.
– Delúbio é um homem de uma fidelidade canina – afirma Valério.
O publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral de Lula, será outro alvo de Valério. Valério vai reafirmar que as movimentações financeiras destinadas a Duda foram feitas por pessoas indicadas pela principal assessora do marqueteiro: Zilmar Pimentel. Valério vai confirmar que os R$ 6,16 milhões que o policial David Rodrigues Alves sacou foram para Duda.
As informações são do jornal Zero Hora.
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